Rússia diz ter dado tiros de advertência contra navio britânico; Reino Unido nega (VIDEO)

A Rússia afirmou que disparou, nesta quarta-feira (23), tiros de advertência contra um contratorpedeiro britânico no Mar Negro que teria entrado em suas águas territoriais na costa da Crimeia, um incidente negado pelo Reino Unido.

France Presse


O caso, se tiver ocorrido de fato, seria incomum na região. Teria acontecido a poucos dias das manobras Sea Breeze 2021, vistas com suspeita pela Rússia e programadas para serem realizadas entre 28 de junho a 10 de julho, no Mar Negro. Participarão dela os Estados Unidos, outros países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e a Ucrânia. 


De acordo com a versão russa, o contratorpedeiro "HMS Defender" entrou em suas águas ao largo da costa da Crimeia, península ucraniana anexada pela Rússia em março de 2014, e "recebeu uma advertência, em caso de violação das fronteiras russas".

O navio britânico "não reagiu ao aviso", razão pela qual um "barco de patrulha de fronteira disparou tiros de advertência", e um avião Su-24M realizou um "bombardeio de precaução na rota do contratorpedeiro", segundo o Ministério russo da Defesa.

O navio britânico deixou as águas russas, encerrando o incidente, que durou cerca de 20 minutos, por volta do meio-dia, relatou a Rússia.

Denunciando "ações perigosas" da tripulação do "HMS Defender", o governo russo exigiu do Reino Unido uma investigação sobre o incidente.

A Rússia também anunciou que convocará o embaixador britânico ao Ministério das Relações Exteriores, assim como o adido militar britânico.

As autoridades britânicas negaram o incidente. De acordo com o Ministério da Defesa, "nenhum tiro de advertência foi disparado contra o 'HMS Defender'", e "a alegação de que bombas foram lançadas em sua rota" é falsa.

Segundo o governo britânico, o navio estava "fazendo uma passagem inocente pelas águas territoriais ucranianas".

"Acreditamos que os russos estavam conduzindo um exercício de artilharia no Mar Negro", acrescentou o Ministério da Defesa no Twitter.

Poucas horas antes do incidente, o presidente Vladimir Putin havia reiterado que seu país estava "preocupado com o fortalecimento contínuo das capacidades militares e da infraestrutura da Otan perto das fronteiras russas".

- Múltiplos incidentes -

De acordo com um comunicado da Royal Navy britânica de 10 de junho, o navio "HMS Defender" está na região para exercícios da Otan e "se separou temporariamente da força-tarefa para realizar suas próprias missões no Mar Negro".

"Nas últimas semanas, o 'Defender', baseado em Portsmouth, tem passado por um treinamento intensivo e trabalhado na Operação Sea Guardian, a missão de contraterrorismo da Otan no Mediterrâneo", diz o comunicado.

Forças ucranianas, americanas e britânicas realizaram nesta quarta exercícios de embarque no navio, de acordo com uma mensagem postada no Facebook pelo Ministério ucraniano da Defesa.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse no Twitter que considerava o incidente uma continuação da "política agressiva e provocadora" da Rússia no Mar Negro e no Mar de Azov.

O incidente ocorreu na costa da Crimeia, onde a Rússia possui uma base naval. Suas águas foram objeto de vários incidentes no passado.

A Rússia realizou inúmeros exercícios militares nesta região nos últimos meses, incluindo o destacamento temporário de mais de 100.000 soldados nas fronteiras da Ucrânia e da Crimeia em abril - uma demonstração de força que gerou fortes tensões com o Ocidente.

Em 2018, a Rússia interceptou três navios de guerra ucranianos e capturou 24 marinheiros que tentavam entrar no Mar de Azov, compartilhado pelos dois países.

Foi o primeiro incidente armado direto entre os dois.

Incidentes envolvendo aviões, ou navios, nas fronteiras russas não são incomuns, especialmente em tempos de tensão com o Ocidente, mas tiros de alerta, sim.

A maioria dos incidentes ocorre no Báltico, ou no Ártico e, mais raramente, no Extremo-Oriente, onde a Rússia anunciou, nesta quarta-feira, ter interceptado um avião espião dos EUA sobre o Mar de Okhotsk.

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