Canadá, Dinamarca, Bélgica e Polônia encerram operações de retirada no Afeganistão

Outros países europeus também finalizaram as missões; França, Holanda devem deixar o país até a sexta-feira (27), enquanto o Reino Unido fala em “muito pouco tempo” para terminar operações

Murillo Ferrari
e João de Mari | CNN

Os governos de Canadá, Dinamarca e Bélgica informaram nesta quinta-feira (26) que encerraram as operações no Afeganistão para a retirada de seus cidadãos e de afegãos de Cabul.

Centenas de pessoas ainda tentam entrar no aeroporto de Cabul para deixar o AfeganistãoWali Sabawoon - 26.ago.2021/AP

Já França e Holanda disseram que devem encerrar seus esforços no país na sexta-feira (26), mesmo prazo previsto por uma fonte dos Estados Unidos ouvida pela CNN para o fim das retiradas realizadas pelos norte-americanos.

E o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, afirmou que as tropas britânicas tem “muito pouco tempo” para encerrar as operações no Afeganistão.

Retirada Canadense

“Nós ficamos no Afeganistão o máximo que pudemos… gostaríamos de poder ter ficado mais tempo e resgatado a todos”, disse chefe interino da Defesa do Canadá, General Wayne Eyreem.

“O fato de não termos podido é verdadeiramente doloroso, mas as circunstâncias no terreno se deterioraram rapidamente.”

Ele disse que o país retirou ou facilitou a retirada de cerca de 3.700 cidadãos canadenses e afegãos. O Canadá, no entanto, não teve uma presença militar significativa no Afeganistão nos últimos sete anos.

De acordo com Eyre, a missão de retirada é extremamente perigosa e enfrentou ameaças “significativas e dinâmicas”. “Durante a operação, recebemos notícias de vários ataques iminentes”, disse Eyre.

Já o fim das operações dinamarquesas no aeroporto de Cabul foi confirmado à CNN pelo Ministério da Defesa do país. O último voo de um avião Hércules do país, com destino a Islamabad, no Paquistão, partiu na noite de quarta-feira (25).

O ministério acrescentou que este foi o último voo da operação foi uma decisão do governo tomada com base no conselho do Chefe da Defesa dinamarquês.

Desde 15 de agosto, a Dinamarca retirou mais de 1.000 pessoas de Cabul, com o grupo composto principalmente de intérpretes, funcionários da embaixada dinamarquesa, cidadãos dinamarqueses, e pessoas de outros países europeus.

Ameaça de ataque acelerou fim das operações belgas

O primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, disse nesta quinta que uma ameaça confiável de um ataque suicida foi o motivador por trás de sua decisão de encerrar as operações de retirada no Afeganistão.

“A situação se deteriorou significativamente, recebemos informações de fontes americanas e de outros países de que havia um ataque suicida iminente na área do aeroporto”, disse De Croo, em entrevista coletiva.

“Essa informação nos levou a manter um grande contato com nossos aliados e, por fim, interromper todos os voos de Cabul para Islamabad”, acrescentou.

Os últimos belgas que permaneceram na pista do aeroporto de Cabul foram retirados na noite de quarta-feira (25). As equipes belgas também levaram vários cidadãos estrangeiros em 23 voos, totalizando 1.400 passageiros.

Retirada europeia

Outros países europeus também finalizaram as missões de retirada. O ministro da Defesa da Hungria, Tibor Benko, afirmou nesta quinta-feira (26) que o país encerrou as evacuações no Afeganistão após transportar 540 pessoas, incluindo cidadãos húngaros, afegãos e suas famílias que trabalharam para as forças húngaras.

Com ajuda da Alemanha e dos Estados Unidos, a Suíça tirou 292 pessoas do Afeganistão, segundo o ministro das Relações Exteriores, Ignazio Cassis, na última terça-feira (24). Ele informou ainda que havia 15 cidadãos suíços no Afeganistão, mas não foram planejados mais voos de evacuação suíços, disse ele.

Já a Alemanha disse que continuará com os voos de evacuação pelo maior tempo possível. No início desta quinta-feira, os militares alemães evacuaram 5.193 pessoas em 34 voos, segundo comunicado do país.

Holanda e França aceleram fim das operações

A Holanda espera que seu último voo do Afeganistão seja realizado nesta quinta-feira (26), disse o governo em uma carta ao Parlamento.

“A Holanda foi informada pelos Estados Unidos que tem que partir hoje e provavelmente fará os últimos voos ainda nesta quinta”, diz o documento.

“Este é um momento doloroso porque significa que, apesar de todos os grandes esforços do período passado, pessoas que poderiam ser retiradas para a Holanda serão deixadas para trás.”

Já a França informou que não poderá retirar mais pessoas do Afeganistão depois de sexta-feira, de acordo com o primeiro-ministro francês, Jean Castex.

“Vamos continuar até amanhã à noite”, disse Castex à rádio RTL nesta quinta-feira.

‘Tempo curto’ para tropas deixarem país, diz Johnson

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, disse que as forças britânicas retiraram a “esmagadora maioria” das pessoas que consideravam elegíveis do Afeganistão.

Em uma entrevista nesta quinta-feira, Johnson afirmou que o tempo que as tropas do Reino Unido deixaram no país é “bastante curto”.

Seus comentários foram feitos depois que o ministro das Forças Armadas britânicas, James Heappey, relatou que as infomações de inteligência sobre um ataque terrorista do Isis-K no aeroporto de Cabul é “muito mais firme”.

Johnson disse que o Reino Unido vai continuar com as retiradas “enquanto puder” até o prazo final de 31 de agosto dado pelo Talibã para a saída de estrangeiros.

O primeiro-ministro afirmou que os militares do Reino Unido transportaram cerca de 15.000 pessoas do Afeganistão para o Reino Unido. “O Reino Unido tem uma dívida para com essas pessoas e há muito trabalho em andamento para garantir que encontremos casas, integrando essas pessoas a este país”, disse ele.

(Com informações de David Ljunggren e Steve Scherer, da Reuters, e de Niamh Kennedy e Sarah Dean, da CNN, e da Reuters)

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