Migrantes entram na Polônia, e UE avalia sanções contra a Bielorrússia

Papa diz que país 'precisa de homens com coração grande'

ANSA

Dois grupos de migrantes que estavam na fronteira entre a conseguição entrar em território polonês nesta quarta-feira (10), informam a mídia local. Os estrangeiros conseguiram superar as barreiras de arrame farpado nos vilarejos de Krynki e Bialowieza.

Crise na fronteira entre Polônia e Bielorrússia se agrava dia após o dia

Apesar de não saber o número exato de pessoas que fizeram a travessia, o porta-voz da polícia regional, Tomasz Krupa, afirmou à agência de notícias AFP que "nas últimas 24 horas, mais de 50 pessoas próximas a Bialowieza foram presas após atravessar ilegalmente a fronteira".

A situação na fronteira se agravar dia após o dia não só na questão humanitária, mas principalmente na política. Os poloneses, e também a União Europeia, acusam o governo de Minsk de usar os migrantes como uma "arma" para causar uma crise no bloco por contaminação das sanções aplicadas aos aliados do presidente Aleksandr Lukashenko desde agosto do ano passado.

Por sua vez, a Bielorrússia diz que quem está jogando com a vida dos deslocados é a Polônia que, desde o dia 22 de outubro, aprovou uma lei que permite que os policiais façam uma repatriação imediata de quem tentar atravessar a fronteira ilegalmente.

Porém, tática ou não, Lukashenko deve sofrer mais um pacote de sanções europeias em breve por conta da situação atual.

Além da revogação da facilitação dos vistos para membros do governo, que já está suspensa desde ontem, a diretora-geral da divisão de Migração e Assuntos Internos da União Europeia, Monique Pariat, informou que "um novo pacote contra a Bielorrússia está preparado e será discutido nesta quinta-feira". Entre as medidas debatidas, estará a extensão de algumas sanções já existentes e também "contra indivíduos e organizações que contribuem com a instrumentalização da migração".

Em fala ao Parlamento Europeu, Pariat ainda informou que cerca de dois mil migrantes chegam na terça-feira (9) na fronteira entre os dois países, que estão sendo vigiadas por 12 mil soldados poloneses. "Os migrantes foram forçados pelos militares da Bielorrússia até a fronteira e os mesmos impedem que eles voltem para onde estavam", acrescentou.

Também nesta quarta-feira, o premiê polonês, Mateusz Morawiecki, pediu que a UE faça uma "reunião extraordinária" sobre a crise, antes da planejada para dezembro, para falar sobre "sanções econômicas" contra a Bielorrússia. Para o primeiro-ministro, está ocorrendo um "terrorismo de Estado" feito por Minsk.

Rússia

Acusados de estarem por trás da investida da Bielorrússia, os russos reagiram formalmente nesta quarta-feira, rebatendo as acusações de Moraviecki.

Na tradicional coletiva diária com a imprensa, o porta-voz do presidente Vladimir Putin, Dmitri Peskov, afirmou que as acusações são "completamente irresponsáveis e inaceitáveis".

Para o representante, Moscou está acompanhando atentamente a crise, mas não é "responsável por essa situação".

A Rússia é o último grande aliado de Lukashenko, que fornece apoio financeiro, militar e político para que o governo de Minsk não seja derrubado.

Também nesta quarta, a chanceler alemã, Angela Merkel, telefonou para Putin para pedir que ele "intervie e exercite sua influência" sobre o presidente bielorrusso para por fim à "instrumentalização desumana e completamente inaceitável" dos migrantes nas fronteiras. A conversa entre os dois foi divulgada pelo porta-voz de Merkel, Steffen Seibert.

Papa se manifesta

Quem também se manifestou nesta quarta-feira sobre a crise entre Polônia e Bielorrússia foi o papa Francisco.

Durante a audiência geral, o líder católico lembrou que os poloneses celebram a festa nacional de independência nesta quinta-feira (10) e citou uma frase do então papa João Paulo II dita em 1999. Karol Wojtyla era polonês.

"Hoje, o mundo e a Polônia precisam de homens de grande coração, que sirvam com humildade e amor, que abençoem e não amaldiçoem, que conquistam a terra com bênçãos", afirmou aos presentes.

ONU

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, se reuniu nesta quarta-feira (10) com o alto das Nações Unidas para os refugiados, Filippo Grandi, e pediu que a Polônia dê "acesso total" às agências da ONU aos migrantes que estão na fronteira com a Bielorrússia.

"Boa conversa com Filippo Grandi sobre a situação dos migrantes retidos na fronteira entre a Polônia e a Bielorrússia. É urgente encontrar uma solução com as agências da ONU. Apoiamos o acesso total das agências da ONU aos migrantes na Bielorrússia", escreveu em sua conta no Twitter.

Horas depois, o Conselho de Segurança das Nações Unidas faz uma reunião de emergência sobre a situação dos migrantes na fronteira entre Bielorrússia e Polônia nesta quinta-feira (11), informam fontes do órgão.

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