Cerca de 100 civis conseguem deixar siderúrgica em Mariupol

Para Kiev, russos mataram mais de 20 mil pessoas na cidade

ANSA

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que cerca de 100 civis conseguiram deixar a área da siderúrgica Azovstal, em Mariupol, último reduto de resistência ucraniana contra os russos na cidade portuária, neste domingo (1º).


A notícia chega horas depois do Ministério da Defesa da Rússia confirmar que dois grupos de civis, com 46 pessoas ao todo, já foram deixados no local pela manhã. Segundo a agência de notícias Tass, nos grupos foram 14 mulheres e oito crianças e todas foram retiradas em três ônibus.

Essa é a primeira notícia de evacuação da área desaporta em quase uma semana.

Já para aqueles que não estão na siderúrgica, mas querem fugir da localidade, a Prefeitura de Mariupol informou que a evacuação foi adiada para esta segunda-feira (2), a partir das 8h (hora local), por "motivos de segurança".

A notícia, publicada pelo portal Unian, ressalta que os civis devem se dirigir para o centro comercial Cidade Portuária para serem retirados por comboios de Kiev, da Cruz Vermelha e das Nações Unidas.

Mariupol tornou-se um dos maiores dramas humanitários da guerra na Ucrânia por conta do cerco feito pelas tropas russas desde os primeiros dias de conflito, ainda em fevereiro. A cidade resistiu fortemente às ações militares e foi ficando sem os suprimentos básicos de sobrevivência como água, alimentos, remédios e energia elétrica.

Cerca de duas semanas, os militares russos e as milícias de Donetsk conseguiram conquistar praticamente todo o território da cidade que tinha, antes do conflito, mais de 400 mil habitantes.

Estima-se que ainda 100 mil estejam presos dentro da localidade que teve mais de 90% de suas construções destruídas.

A defesa de Mariupol está sendo feita tanto por militares ucranianos como por membros da milícia de extrema-direita Batalhão de Azov. E, os combatentes que restaram, na casa das centenas, estão na Azovstal desde então.

O prefeito da localidade, Vadym Boychenko, voltou a acusar as tropas russas de causarem um massacre entre os civis por meio de uma mensagem publicada no Telegram e repercutida pelos sites locais.

"No arco de dois anos, os nazistas mataram cerca de 10 mil civis em Mariupol. Os atuais ocupantes russos mataram 20 mil em dois meses e mais de 40 mil pessoas foram forçadas a deixar a cidade para a Rússia. É um dos piores genocídios de uma população pacífica da história moderna", disse Boychenko.

Os números totais de vítimas não são possíveis de checar de forma independente por conta da gravíssima situação em Mariupol. Os russos não dão boletins sobre os mortos ou feridos no local.

Portos ucranianos fechados

O Ministério da Infraestrutura da Ucrânia emitiu uma ordem de fechamento dos portos de Berdiansk, Mariupol, Kherson e Skadovsk "até a retomada do controle" dessas cidades, informam a instituição por meio do portal Ukrinform.

"Em conexão com a guerra de larga escala conduzida pela Federação Russa desde 24 de fevereiro de 2022 contra a Ucrânia e o povo ucraniano em violação do direito internacional, lançando ataques com mísseis em toda a Ucrânia e cometendo crimes contra a nossa comunidade, o Ministério da Infraestrutura adotou a ordem [...] sobre o fechamento dos portos marítimos", diz o comunicado.

Ainda conforme a pasta, "tal decisão foi tomada por causa da impossibilidade de atender navios e passageiros, nem garantir um nível adequado de segurança de navegação e proteção do meio ambiente durante as operações miliares russas regiões que ameaçam a vida e a saúde humana".

"As operações nos portos marítimos serão retomadas depois da vitória da Ucrânia sobre os ocupantes russos", conclui nota.

Como as áreas do sul e do leste da Ucrânia são o atual alvo da maior parte dos ataques russos, já que incluem ou estão próximos da península da Crimeia, anexada de forma unilateral pela Rússia em 2014, e a região do Donbass, onde fica as áreas separatistas de Donetsk e Lugansk.

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