Taiwan 'suportará a ira de Pequim' em caso de visita de Pelosi

Especialistas observam que o plano de Pelosi de visitar Taiwan aumenta a ameaça de um conflito militar entre o Exército Popular de Libertação da China e as Forças Armadas dos EUA

TASS


HONG KONG - Será muito difícil para o governo de Taiwan se recusar a receber a presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, mas se a visita ocorrer, as autoridades da ilha terão que "suportar a ira de Pequim", disse o principal jornal de Hong Kong, South China Morning Post, na quinta-feira.

Presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi © EPA-EFE/FABIO FRUSTACI

Por um lado, observa o jornal, a visita de Pelosi à ilha mostraria que Taipei tem o apoio de Washington e aumentaria as chances do Partido Progressista Democrata no poder vencer as eleições de novembro. Mas, ao mesmo tempo, as consequências dessa visita, que Pequim adverte fortemente, seriam um aumento da pressão militar da China sobre a ilha.

"Seria extremamente difícil para o governo da presidente Tsai Ing-wen recusar a oferta de Pelosi de visitar, dada [sua posição na política dos EUA] e que ela é conhecida por seu apoio a Taiwan", disse Wang Kung-yi, diretor da Sociedade Internacional de Estudos Estratégicos de Taiwan, "Mas se Pelosi visitar, o governo de Tsai terá que suportar a ira de Pequim, que já ameaçou tomar medidas contundentes [se for em frente]", observou.

Outro analista taiwanês, Chieh Chung, alertou que Pequim aumentaria significativamente a pressão militar na ilha durante a visita de Pelosi. Em particular, o Exército Popular de Libertação da China, segundo ele, pode enviar navios de guerra sobre a linha mediana, a zona de identificação de defesa aérea de Taiwan através da linha central do estreito que separa o continente e as ilhas. O Exército Popular de Libertação da China também poderia realizar exercícios de fogo ao vivo perto da costa sul de Taiwan envolvendo navios de guerra e drones de ataque.

Mais cedo, houve relatos na mídia de que Pelosi, que ocupa o terceiro posto mais importante na hierarquia do governo dos EUA, pretendia visitar a ilha em agosto. Foi notado que Pelosi planejava visitar Taiwan em abril, mas adiou a viagem por causa do coronavírus. A visita teria sido a primeira visita à ilha pelo presidente da Câmara dos Representantes dos EUA em 25 anos. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Zhao Lijian, disse que Pequim tomará medidas drásticas em caso de visita.

Especialistas observam que o plano de Pelosi de visitar Taiwan aumenta a ameaça de um conflito militar entre o Exército Popular de Libertação da China e as Forças Armadas dos EUA. De acordo com alguns analistas, os militares chineses podem declarar uma zona de exclusão aérea e uma zona de navegação restrita sob o pretexto de exercícios militares perto do Estreito de Taiwan, o que forçaria o avião de Pelosi a mudar sua rota se ela ainda insistir em visitar a ilha.

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