União Europeia reitera apoio à Ucrânia após críticas da Hungria

Seis pessoas foram mortas em um bombardeio nesta segunda-feira (18) em Toretsk, leste da Ucrânia, onde Moscou intensifica suas operações. A União Europeia (UE) reafirmou a sua intenção de aumentar a pressão sobre a Rússia com novas sanções.

RFI


Armas, dinheiro, sanções: os ministros das Relações Exteriores da UE reafirmaram nesta segunda-feira a sua disposição de continuar apoiando a Ucrânia e aumentar a pressão sobre Moscou, apesar da ameaça de corte no fornecimento de gás russo.

A UE procura outros fornecedores para suprir suas necessidades de gás, enquanto a Rússia ameaça com cortes no abastecimento para o bloco. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, cita um acordo com o Azerbaijão. REUTERS - ARND WIEGMANN

"Alguns líderes europeus disseram que as sanções foram um erro, uma falha. Não acho que seja um erro, é o que temos de fazer e continuaremos a fazê-lo", afirmou o chefe de diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, em resposta às críticas do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban.

"Recuar e cumprir as exigências de Vladimir Putin não vai funcionar, nunca funcionou. É uma armadilha", alertou, por sua vez, o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kouleba, em discurso diante de chanceleres europeus reunidos em Bruxelas.

"Retirar as sanções seria fatal. É a nossa credibilidade que está em jogo", insistiu o ministro de Luxemburgo, Jean Asselborn.

Na sexta-feira (15), Viktor Orban denunciou as sanções europeias que classifica como "um erro" porque "não atingiram o seu objetivo e até tiveram o efeito contrário", de acordo com as palavras do premiê da Hungria. "A economia europeia deu um tiro nos pulmões e está asfixiada", completou ele.

Pelo contrário, as "sanções funcionam", sustentou Josep Borrell. "Elas estão atingindo fortemente Vladimir Putin e seus cúmplices, e seus efeitos na economia russa vão aumentar ainda mais", disse ele no fim de semana.

Inflação reforça críticas às sanções

Porém, os líderes europeus estão preocupados que a hostilidade pública às sanções cresça, à medida em que os preços dos combustíveis, gás e eletricidade já disparam na Europa.

A guerra travada pelo Kremlin na Ucrânia tem repercussões para os nossos cidadãos "que enfrentam preços muito elevados das matérias-primas e da energia", admitiu a nova ministra belga das Relações Exteriores, Hadja Lahbib.

"O verdadeiro objetivo da Rússia é o empobrecimento da Europa. Putin quer colocar a opinião pública contra os governos na esperança de substituí-los por forças radicais que sejam mais favoráveis ​​à Rússia", denunciou Dmytro Kouleba.

Moscou bloqueia os portos ucranianos e já começou a reduzir as suas entregas de gás para países da UE, alguns dos quais, como a Alemanha e a Itália, são muito dependentes do abastecimento russo.

“A Rússia está tentando nos desmoralizar”, acusou Anna Lührmann, a ministra alemã de Assuntos Europeus, dizendo estar pronta para “todo tipo de cenário”.

Preocupação com fornecimento de gás


Berlim teme o fechamento total do gasoduto Nordstream, por onde transita um terço dos 153 bilhões de metros cúbicos de gás comprados anualmente pela UE. Atualmente, o equipamento está em manutenção.

A UE procura outros fornecedores para suprir suas necessidades. Um acordo permitirá dobrar as importações do Azerbaijão "em poucos anos", anunciou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, nesta segunda-feira, durante uma viagem a Baku. Em 2021, o Azerbaijão forneceu 8 bilhões de m3 para a UE.

Contudo, diversificar os fornecedores poderá não ser suficiente. A União Europeia (UE) terá de reduzir a sua demanda de gás para aumentar os seus estoques, se quiser sobreviver ao inverno sem o gás russo. O alerta foi feito nesta segunda-feira pelo diretor da Agência Internacional de Energia (IEA). Fatih Birol disse estar "preocupado com os próximos meses".

"Não devemos contar apenas com recursos de gás não russos: eles simplesmente não serão suficientes em volume para substituir as entregas da Rússia", sublinha Birol, em um artigo publicado por sua organização. Isso "mesmo se a oferta da Noruega e do Azerbaijão flua na capacidade máxima, que as entregas do norte da África se aproximem do nível do ano passado e que o crescimento dos fluxos de GNL se mantenha na mesma taxa do primeiro semestre", acrescentou.

A Rússia também está bloqueando a exportação de cerca de 20 milhões de toneadas de cereais da Ucrânia e "queimando as colheitas do país", lamentou Jean Asselborn, chefe da diplomacia de Luxemburgo,

A Turquia e as Nações Unidas negociam um acordo entre os dois lados el guerra. Vladimir Putin e o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, discutirão o assunto em uma reunião marcada para esta terça-feira (19), em Teerã.

Questão “de vida ou morte”

Retomar as exportações de grãos da Ucrânia é uma "questão de vida ou morte" para dezenas de milhares de pessoas, insistiu Borrell. Ele disse estar "esperançoso" de que um acordo seja alcançado. Mas "temos dúvidas sobre a boa fé da Rússia", admitiu um alto funcionário europeu.

Em Bruxelas, os ministros europeus pediram a continuidade das ações de apoio à Ucrânia no plano econômico, político e militar. O grupo deu o seu aval às novas medidas apresentadas sexta-feira pela Comissão Europeia, incluindo um embargo às compras de ouro da Rússia, conforme anunciou a chefe da diplomacia francesa, Catherine Colonna.

Eles também aprovaram a liberação de uma quinta parcela de € 500 milhões do "European Peace Facility" para financiar equipamentos militares e armas fornecidos à Ucrânia.

(Com informações da AFP)

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