Argentina iniciou a desativação do radar instalado por uma empresa britânica na Terra do Fogo

O Ministério da Defesa havia solicitado o cancelamento definitivo da iniciativa porque os sensores instalados podem "oferecer informações analisadas para uso militar". A empresa LeoLabs Argentina SRL notificou o início da desativação.


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O governo da Terra do Fogo anunciou que a empresa LeoLabs Argentina SRL notificou o "início do processo de desarmamento do sistema eletrônico e outras medidas destinadas a garantir a inoperância" do radar instalado nas proximidades do município de Tolhuin, o que segundo o Ministério da Defesa representa uma "violação da segurança nacional".

A LeoLabs Argentina SRL, formada com sócios de origem britânica, não havia dado indícios da retirada das instalações / Foto: Arquivo.

Embora a Subsecretaria de Telecomunicações e Conectividade, subordinada ao chefe de gabinete, tenha cancelado definitivamente em agosto a licença de funcionamento do aparelho, a empresa formada no país com parceiros de origem britânica não havia dado indícios da retirada das instalações.

O Ministério da Defesa observou que o radar está em um "local estratégico para a política de defesa nacional".

Agora, o governo fueguino informou uma carta endereçada ao governador Gustavo Melella na qual a empresa confirma que removerá "certas peças eletrônicas", além de solicitar a suspensão do serviço de fornecimento de eletricidade na área da fazenda El Relincho, onde o radar está localizado no centro geográfico da Terra do Fogo.

O secretário de Malvinas e Assuntos Internacionais da província, Andrés Dachary, explicou que a Leolabs adotará essas medidas para "dissipar quaisquer dúvidas instaladas na comunidade e evitar danos às instalações por terceiros", de acordo com a carta assinada pelo representante do escritório na Argentina, o advogado residente em Ushuaia Pablo Bilbao.

Por meio de um comunicado, Dachary mencionou que na nota a empresa insiste que o radar está "inoperante desde 26 de junho" e que isso foi verificado por autoridades nacionais que viajaram para a Terra do Fogo.

Por sua vez, adiantou que "uma vez concluída a remoção da eletrónica do radar, entre outros pontos, solicitará à Direção Provincial de Energia o corte total do fornecimento de eletricidade, modifique a estrutura societária e solicite ao Ministério da Produção e Ambiente a suspensão dos prazos processuais até que a proposta feita a nível nacional seja definitivamente resolvida. relacionado ao cancelamento de sua autorização de funcionamento".

Segurança nacional

Em agosto passado, o Ministério da Defesa considerou a instalação do radar como uma "violação da segurança nacional" e pediu o "cancelamento e suspensão definitiva" dessa iniciativa.

O Ministério Militar apresentou um relatório com dados técnicos no qual comprovou que, em função das características dos sensores da Estação de Radar AGRS LeoLabs, "é possível assegurar" que esta tecnologia pode "oferecer informação analisada para uso militar".

Para o Ministério da Defesa, os serviços oferecidos pela empresa britânica podem desempenhar um papel fundamental no sistema de alerta precoce e monitoramento de atividades espaciais em outros países, como o Reino Unido.

"Não é possível deixar de considerar as conotações geopolíticas envolvidas na instalação e comissionamento anteriormente mencionados, por uma empresa como a LeoLabs Argentina S.R.L. com domicílio legal na Grã-Bretanha, dada a natureza dual dos dados obtidos em suas instalações", afirma o relatório, lembrando a "ocupação ilegal" das Ilhas Malvinas mantida pelo Reino Unido.

Ele também mencionou que, embora a "finalidade da instalação da Estação AGSR que a LeoLabs declara ter seja do tipo comercial, dadas as características dos sensores de radar instalados é possível garantir que ela também possa oferecer informações analisadas para uso militar".

"É muito provável que os serviços oferecidos pela empresa tenham um papel fundamental no sistema de alerta precoce e monitoramento das atividades espaciais em outros países, como o Reino Unido, uma vez que a Estação AGSR é capaz de detectar e rastrear objetos em órbita baixa, cujos dados se tornam matéria-prima para as informações que a empresa comercializa", expandiu o documento.

Por sua vez, foi mencionado que o AGRS "tem potencial para ser usado para escuta e inteligência de sinais, mesmo quando o radar não está operando".

Além disso, foi analisado que a empresa britânica poderia ter instalado essa tecnologia "no sul chileno ou nas Ilhas Malvinas", mas "decidiu fazê-lo na cidade fuegiana de Tolhuin", que está em um "local estratégico para a política de defesa nacional".

"Essa localização geográfica dá à empresa acesso privilegiado para obter dados espaciais em nível global, que são a matéria-prima para a elaboração de informações espaciais para uso comercial, mas também para inteligência, com possibilidade de serem utilizadas pelo sistema de inteligência dos Estados Unidos e, eventualmente, serem disseminadas para o Reino Unido." observou o relatório.

E também chamou a atenção para o fato de que "apenas em nosso país foi constituída uma empresa da LeoLabs Ltd. com endereço no Reino Unido e capital britânica".

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