Kremlin pede para Yerevan e Baku cumprirem documentos trilaterais assinados

O Kremlin pede para Yerevan e Baku cumprirem os documentos trilaterais assinados anteriormente, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, comentando a escalada em Nagorno-Karabakh.


Sputnik

Moscou estava preocupada com a escalada acentuada da tensão em Nagorno-Karabakh e com o início das hostilidades, afirmou o porta-voz do Kremlin.

© Sputnik / Sergei Titov

"A única base substantiva são os documentos trilaterais de dois e três anos atrás, que foram assinados entre a Rússia, a Armênia e o Azerbaijão, por isso pedimos a todos que sigam as disposições desses documentos e, é claro, levando em conta essas novas realidades, ou seja, o fato de que o lado armênio reconheceu o território do Azerbaijão a partir de 1991", disse Peskov aos repórteres.

O principal agora é persuadir Yerevan e Baku a renunciar aos métodos de força, acrescentou o porta-voz.

"A primeira coisa para nós, no contexto da operação militar realizada pelas Forças Armadas do Azerbaijão, é garantir a segurança da população pacífica em Karabakh, e estamos falando, é claro, da população armênia. Todas as medidas necessárias devem ser tomadas para isso", afirmou Peskov aos repórteres.

Os militares russos estão em contato com os lados armênio e azerbaijano, e contatos de alto nível são possíveis, de acordo com o porta-voz russo.

O Azerbaijão lançou uma operação em Nagorno-Karabakh para "restaurar a ordem constitucional", informou o Ministério da Defesa do país nesta terça-feira (19). Os alvos do Exército azerbaijano na região foram apontados como instalações militares armênias; foi declarado que Baku usa armas de alta precisão para esse fim. Yerevan chamou o que está acontecendo de agressão e disse que não há unidades armênias em Karabakh. O primeiro-ministro da Armênia, Nikol Pashinyan, realizou uma reunião do Conselho de Segurança do país.

Nagorno-Karabakh é uma região na Transcaucásia. A esmagadora maioria da população é armênia.

Em 1923, a região recebeu o status de região autônoma dentro da República Socialista Soviética do Azerbaijão. Em 1988, começou em Nagorno-Karabakh um movimento de reunificação com a Armênia. Em 2 de setembro de 1991, o Azerbaijão proclamou a sua independência e o nome da região autónoma mudou para República de Nagorno-Karabakh. De 1992 a 1994, o Azerbaijão tentou assumir o controle da autoproclamada república. Nessa ação militar de grande escala morreram cerca de 30 mil pessoas.

Em 1994, as partes concordaram em estabelecer um cessar-fogo, mas o status do território nunca foi determinado. No final de setembro de 2020, os combates recomeçaram em Nagorno-Karabakh. Na noite de 10 de novembro, o Azerbaijão e a Armênia, com o apoio de Moscou, chegaram a acordo para cessar completamente as hostilidades, permanecendo nas posições ocupadas, trocar prisioneiros e os corpos dos mortos. Na região foram implantadas forças de paz russas, inclusive no corredor de Lachin.

No ano passado, Yerevan e Baku, mediadas pela Rússia, EUA e União Europeia, iniciaram discussões sobre um futuro acordo de paz. No final de maio deste ano, o premiê armênio, Nikol Pashinyan, disse que seu país estava pronto para reconhecer a soberania do Azerbaijão nas fronteiras soviéticas, ou seja, junto com Nagorno-Karabakh. Em setembro, o presidente russo Vladimir Putin chamou atenção para o fato de que a liderança armênia, em essência, reconheceu a soberania do Azerbaijão sobre Nagorno-Karabakh. O líder do Azerbaijão, Ilham Aliev, disse que Baku e Yerevan podem assinar um acordo de paz antes do final do ano, a menos que a Armênia mude sua posição.

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