'Arrogante e hostil': Venezuela critica Guiana por recusar diálogo sobre disputa territorial

A Venezuela acusou, neste domingo (1°), a Guiana de ter uma atitude "arrogante e hostil", depois que o governo guianês se negou a participar de uma reunião proposta pelo presidente Nicolás Maduro para resolver a controvérsia territorial entre os dois países. As reservas naturais da região estão no centro das tensões.


RFI

A Guiana "mais uma vez se mostra um governo subalterno, refém da transnacional ExxonMobil, que a proíbe de retomar o diálogo soberano com a Venezuela", disse em um comunicado a chancelaria venezuelana. "A posição arrogante e hostil da Guiana, negando o diálogo e a diplomacia, é o maior obstáculo para alcançar uma solução", continuou.

A região de Esequibo está no centro da disputa territorial entre Guiana e Venezuela. AP - Matias Delacroix

A Guiana se negou no sábado (30) a participar da reunião de "alto nível" proposta na segunda-feira por Maduro, que busca resolver, por meio da negociação, a controvérsia territorial de Essequibo, uma região de 160.000 km² rica em recursos naturais.

A disputa, que remonta ao século XX, foi revivida em 2015 quando a americana ExxonMobil encontrou reservas de petróleo em frente ao litoral do país. As licitações petrolíferas iniciadas recentemente pelo governo guianês nas águas em disputa aumentaram ainda mais as tensões.

A negativa do governo da Guiana se deve ao fato de considerar que a via para resolver a disputa é a Corte Internacional de Justiça (CIJ), que trata do tema desde 2018, quando o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, lhe delegou o caso após mais de duas décadas de negociações sem "avanços significativos". A Guiana "não participará de nenhuma evasão" da Corte Internacional de Justiça, disse o governo guianês.

Arbitragem de Paris ou Acordo de Genebra?

A Guiana defende um limite estabelecido em 1899 por uma corte de arbitragem de Paris, enquanto a Venezuela reivindica o Acordo de Genebra, assinado em 1966 com o Reino Unido antes da independência guianesa, que estabelecia bases para uma solução negociada e não reconhecia o acordo anterior.

Nos últimos anos a Guiana vem despontando economicamente na região com a exploração de jazidas de petróleo. A estimativa é que a produção petroleira deste país que faz fronteira com o norte do Brasil e com o leste da Venezuela chegue a produzir até 750 mil barris de petróleo até o ano 2025. Enquanto a Venezuela tenta, sem sucesso, reativar seu parque industrial petroleiro, abalado pela falta de manutenção e pelas sanções impostas principalmente pelos Estados Unidos.

(Com informações da AFP)

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