Maioria das vítimas do massacre no Hospital Baptista são crianças, muitas inidentificáveis

A maioria das vítimas da chacina israelense no Hospital Baptista al-Ahli, na Cidade de Gaza, são “crianças e mulheres que perderam suas feições”, informou Ashraf al-Qudra, porta-voz do Ministério da Saúde do governo em Gaza.


Monitor do Oriente Médio

Em nota publicada no Facebook, lamentou al-Qudra: “O massacre no Hospital Baptista não tem paralelo, palavras mal podem descrever. Centenas de vítimas haviam chegado ao local para tratamento; paramédicos ainda estão removendo corpos em pedaços”.

Arredores do Hospital Baptista al-Ahli após bombardeio israelense atingir o centro médico e abrigo de civis deslocados na Cidade de Gaza, 18 de outubro de 2023 [Mustafa Hassona/Agência Anadolu]

A maioria das vítimas, reiterou o comunicado, são crianças, muitas das quais inidentificáveis. Registros em vídeo mostram cenas drásticas de corpos degolados, mutilados e eviscerados, com familiares recolhendo membros de seus entes queridos.

“O influxo de vítimas e o tipo de ferimentos estão além das capacidades de nossas equipes médicas e ambulâncias”, destacou al-Qudra. “Médicos estão realizando cirurgias no chão e nos corredores, algumas das quais sem sequer anestesia”.

“Um grande número de feridos no bombardeio ao hospital ainda aguarda cirurgia. Nossas equipes tentam salvar as vidas daqueles em terapia intensiva”, advertiu oficial do governo. “Capacidades de tratamento devem durar somente algumas horas antes de se esgotarem por completo”.

O bombardeio israelense ao Hospital Baptista em Gaza, na noite desta terça-feira (17), deixou ao menos 500 mortos. Os números devem aumentar à medida que corpos são resgatados dos escombros.

Logo após o ataque, Israel aventou a versão de que a explosão decorreu de um foguete disparado pela resistência palestina. A escala da destruição e registros de vídeo, porém, demonstram o contrário, com elementos característicos da tecnologia bélica israelense.

Hananya Naftali, assessor de Netanyahu, chegou a vangloriar-se do ataque na rede social X (Twitter): “A Força Aérea de Israel atingiu uma base terrorista do Hamas [sic] dentro de um hospital em Gaza. Diversos terroristas mortos [sic]”. Mais tarde, apagou a postagem.

Antes de atacar o hospital, Israel instruiu sua evacuação, apesar de alertas internacionais de que a transferência de pacientes que dependem de suporte para sobreviver — como bebês recém-nascidos e pacientes de diálise e quimioterapia — não é possível.

Para “provar” a versão das tropas ocupantes, apologistas de guerra recorreram a um vídeo transmitido uma hora antes do ataque, às 18h59 do horário local —, embora o bombardeio tenha ocorrido às 19h50. Uma investigação da rede Al Jazeera identificou o momento exato do ataque por meio de análise de vídeos.

A mudança de discurso coincide com a campanha de desinformação e propaganda de guerra adotada por Israel para justificar o genocídio a Gaza.

O Hospital Baptista não tratava apenas feridos, mas também abrigava pessoas que deixaram o norte de Gaza sob instruções de Israel para “salvar suas vidas”. Milhares de crianças e suas famílias acreditavam ter encontrado um refúgio no local.

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