Presidente sérvio afirma que sérvios no Kosovo serão impedidos de votar nas eleições sérvias do próximo mês

Otan aumentou sua presença no Kosovo, estamos procurando uma presença mais duradoura, diz secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg


Talha Ozturk | Agência Anadolu

BELGRADO, Sérvia - Os sérvios do Kosovo não poderão votar nas eleições gerais sérvias do próximo mês devido ao envolvimento do primeiro-ministro kosovar, Albin Kurti, no processo eleitoral, afirmou esta terça-feira o Presidente sérvio.

Secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, na Sérvia

As declarações de Aleksandar Vucic foram feitas quando Anadolu perguntou se a Otan tomará medidas de segurança adicionais para os sérvios no Kosovo para as eleições gerais antecipadas na vizinha Sérvia, marcadas para 17 de dezembro.

Os sérvios que vivem no Kosovo não foram autorizados pelas autoridades kosovares a participar nas últimas eleições sérvias realizadas em 2020, quando a aliança liderada pelo Partido Progressista Sérvio (SNS), liderado por Vucic na altura, chegou ao poder.

"As pessoas a milhares de quilómetros de distância podem votar, mas ao mesmo tempo as pessoas que pensam que vivem no mesmo país que nós não podem votar. Eles serão barrados de seus direitos básicos", disse Vucic, provavelmente se referindo à recusa da Sérvia em reconhecer a independência do Kosovo. A Sérvia alega que os sérvios que vivem no norte do Kosovo, perto da fronteira com a Sérvia, na verdade ainda vivem na Sérvia, embora o Kosovo seja independente desde 2008.

E acrescentou: "Sei de antemão o que vai acontecer. Kurti quer ajudar algumas pessoas no processo eleitoral. É por isso que ele não permitirá que eleições sejam realizadas tanto no norte quanto no sul."

Numa conferência de imprensa conjunta com o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, na capital sérvia, Belgrado, Vucic disse que a verdadeira questão é o exercício do direito de voto dos sérvios.

"Os sérvios exercerão esse direito na Austrália, nos EUA e em toda a Europa, mas ainda há dúvidas se essas pessoas, não só no norte (Kosovo), no sul também, poderão exercer seu direito de voto. Por que? Ninguém questiona isso. Porque são apenas sérvios."

E acrescentou: "Os sérvios não votarão no Kosovo. É o que vai acontecer como sempre."

Maior presença da OTAN

Stoltenberg disse que, devido ao aumento da tensão na região este ano, a Otan decidiu aumentar sua presença com sua missão de paz.

"Estamos agora a fazer uma revisão da nossa presença (...) A revisão está analisando se devemos fortalecer a missão em uma base mais duradoura. Porque até agora chamamos reservas e agora estamos buscando uma presença mais duradoura. Nenhuma decisão foi tomada. Não se trata apenas de usar as reservas, mas de ter uma linha de base mais alta para a nossa presença. Estamos analisando diferentes opções", disse Stoltenberg.

Mais cedo, Stoltenberg visitou a Bósnia-Herzegovina e o Kosovo.

Durante a sua visita ao Kosovo, Stoltenberg visitou o Campo Nothing Hill da OTAN e encontrou-se com o comandante-major-general Ozkan Ulutas e dirigiu-se às tropas.

No próximo mês, os sérvios votarão em todos os membros do parlamento sérvio de 250 assentos, bem como na Assembleia de 120 assentos da Província Autônoma de Voivodina e nos conselhos municipais de cidades e distritos de todo o país.

As eleições gerais na Sérvia realizam-se pelo menos de quatro em quatro anos.

Ao abrigo de uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a OTAN lidera uma missão de manutenção da paz no Kosovo desde 1999. Atualmente, a missão conta com aproximadamente 4.500 soldados aportados por 27 aliados e parceiros da Otan.

Türkiye assumiu o comando da Força Kosovo da OTAN (KFOR) em 9 de outubro, com Ulutas assumindo formalmente o comando em uma cerimônia em Pristina.

Entre os 27 países membros e parceiros da OTAN, Türkiye tem o segundo maior contingente da KFOR, contribuindo com 780 de seus cerca de 4.500 soldados.

Kosovo declarou independência da Sérvia em 2008 e foi reconhecido por muitos países, incluindo Türkiye. Mas Belgrado nunca reconheceu o Kosovo e afirma que ainda faz parte da Sérvia.

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