A mensagem de Biden ao Irã após novo ataque aos houthis no Iêmen

O presidente americano Joe Biden disse neste sábado (13/1) que os Estados Unidos enviaram uma "mensagem privada" ao Irã sobre os houthis no Iêmen, depois que os EUA realizaram um segundo ataque ao grupo.


Por Frank Gardner e Malu Cursino | BBC News

"Entregamos [a mensagem] de forma privada e estamos confiantes de que estamos bem preparados", disse Biden, sem dar mais detalhes.

A mensagem de Biden ao Irã após novo ataque aos houthis no Iêmen © Reuters

Os EUA disseram que este último ataque foi uma "ação subsequente" tendo como alvo um radar.

O Irã nega envolvimento nos ataques dos houthis no Mar Vermelho.

No entanto, Teerã é suspeita de fornecer armas aos houthis, e os EUA afirmam que a inteligência iraniana é fundamental para permitir ao grupo atacar navios.

Os ataques aéreos conjuntos do Reino Unido e dos EUA atingiram quase 30 posições houthi nas primeiras horas de sexta-feira (ainda quinta-feira pelo horário de Brasília), com o apoio de aliados incluindo Austrália e Canadá.

Um dia depois, o Comando Central dos EUA disse que realizou novo ataque, desta vez a um radar houthi no Iêmen, usando mísseis de ataque terrestre Tomahawk.

Um porta-voz houthi disse à Reuters que os ataques não tiveram impacto significativo na capacidade do grupo de afetar o transporte marítimo.

Os houthis são um grupo armado de uma subseita da minoria muçulmana xiita do Iêmen, os Zaidis.

A maioria dos iemenitas vive em áreas sob controle houthi. Além da capital iemenita de Sanaa e o norte do Iêmen, os houthis controlam a costa do Mar Vermelho.

O argumento oficial de EUA e Reino Unido é que os ataques aéreos em curso contra alvos houthi são um evento separado da guerra em Gaza.

Seriam "uma resposta necessária e proporcional" aos ataques "não provocados e inaceitáveis" dos houthis à navegação comercial no Mar Vermelho, dizem.

No Iêmen e no mundo árabe em geral, esses ataques são vistos de forma bastante diferente.

Lá, eles são considerados como a adesão dos EUA e do Reino Unido à guerra de Gaza ao lado de Israel, uma vez que os houthis declararam que suas ações são em solidariedade ao Hamas e ao povo de Gaza.

É possível que estes ataques aéreos tenham um efeito inibidor sobre os houthis, reduzindo a capacidade do grupo de atacar navios no curto prazo.

Mas quanto mais tempo persistirem os ataques aéreos, maior será o risco de os EUA e o Reino Unido serem sugados para outro conflito no Iêmen.

Os sauditas levaram mais de oito anos para se libertarem de lá, depois de terem intervindo na guerra civil do país – e os houthis estão agora mais entrincheirados do que nunca.

Cerca de 15% do comércio marítimo global passa pelo Mar Vermelho, segundo os EUA.

Isto inclui 8% dos cereais globais, 12% do petróleo transportado pelo mar e 8% do gás natural liquefeito do mundo.

Os EUA afirmam que o grupo já tentou atacar e assediar navios no Mar Vermelho e no Golfo de Aden 28 vezes.

Desde então, algumas grandes companhias marítimas cessaram as operações na região, enquanto os custos de seguros aumentaram 10 vezes desde o início de dezembro.

Londres e Washington apoiaram Israel após os ataques de 7 de outubro perpetrados pelo Hamas, nos quais cerca de 1.300 pessoas foram mortas e cerca de 240 foram feitas reféns.

A campanha militar retaliatória de Israel, através de ataques aéreos e operações terrestres contra o Hamas em Gaza, matou 23.843 palestinos até agora, de acordo com o ministério da saúde administrado pelo Hamas, e acredita-se que outros milhares tenham morrido sob os escombros.

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