Israel insiste em embate; fontes do governo brasileiro falam em exploração do sofrimento de vítimas

Em vídeo publicado nas redes nesta quarta-feira (21), chanceler israelense aparece ao lado de brasileira que participou do festival durante o ataque do Hamas, em outubro de 2023


Jussara Soares, Gabriela Prado e Raquel Landim | CNN

Brasília e São Paulo - O chanceler isralense, Israel Katz, voltou a publicar nas redes sociais uma provocação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta quarta-feira (21).

Ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, durante reunião, em Jerusalém 24/02/2019 - Abir Sultan/Pool via REUTERS

Fontes do governo afirmam que, por enquanto, não pretendem responder e dizem que o foco atual é a preparação do país para o G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo).

Nos bastidores, no entanto, dizem que postagem é um “show” com uso do sofrimento das vítimas.

Em um vídeo publicado na plataforma X (antigo Twitter) nesta quarta-feira (21), Katz aparece ao lado de uma brasileira que participou do festival de música durante o ataque do Hamas, em outubro de 2023.

O chanceler de Israel diz que “após a comparação entre a nossa guerra justa com o Hamas e os atos desumanos de Hitler e os nazistas”, Lula deveria ouvir a mensagem da brasileira.

Em um trecho do vídeo, Rafaela Triestman afirma se sentir esquecida pelo governo do brasileiro.

“O Brasil, o governo brasileiro, em nenhum momento entrou em contato comigo, com Rafael Zimmerman, com Jade Cocher, com Ranani Glazer, com a família de Ranani Glazer, que foi brutalmente assassinado no dia 7 de outubro, com a família da Karen, que foi brutalmente assassinada no ataque do dia 7 de outubro, com a família da Bruna, foi brutalmente assassinada no dia 7 de outubro e, realmente o governo não foi mobilizado e simplesmente nós sentimos que esqueceram da gente.”

Diplomatas ouvidos pela CNN falam em “covardia” e dizem que o vídeo é “repugnante”.

Uma fonte no Planalto lembra que o Brasil condenou os ataques do Hamas, pediu a libertação dos reféns e ofereceu retorno a todos os brasileiros e israelenses que quisessem deixar o país.

Para diplomatas, a publicação é mais uma manipulação do governo isralense.

“Falta de respeito com a brasileira com a tragédia que ela viveu, ela passou por uma experiência traumática e o que se espera que ela fale? Ela vai dizer a experiência dela, o lado dela”, comentou uma fonte sob a garantia do sigilo.

Parte do corpo diplomático também acredita que essa é uma tática do governo de Israel para manipular o sentimento das pessoas.

Aliados de Lula afirmam ainda que o presidente brasileiro sempre tentou atuar para auxiliar em uma saída pacífica para o conflito. Destacam que a pedido do presidente de Israel, Isacc Herzog, Lula conversou no início da guerra com países mediadores para falar sobre a situação dos reféns israelenses.

Na ocasião, Lula fez contatos com o Qatar, Egito, Autoridade Palestina e Irã. Na época, Lula chegou a conversar três vezes com o presidente israelense. Duas por telefone e uma pessoalmente, a pedido do próprio presidente de Israel, em Dubai (Emirados Árabes Unidos).

Após as falas de Lula, porém, o presidente israelense condenou o discurso de Lula publicamente.

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