Yellen diz que G7 ainda trabalha em maneiras de explorar ativos russos congelados

Os Estados Unidos e seus aliados continuarão buscando opções para explorar 300 bilhões de dólares em ativos soberanos russos congelados, disse a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, depois que dias de negociações rancorosas não conseguiram selar um acordo para ajudar o esforço de guerra da Ucrânia.


Por Andrea Shalal | Reuters

SÃO PAULO - Yellen disse à Reuters em uma entrevista na quinta-feira que qualquer ação precisaria de uma fundamentação legal hermética, que emergiu como um ponto de discórdia nas negociações nesta semana à margem de uma reunião de ministros das Finanças do Grupo dos 20 (G20) organizada pelo Brasil.

A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, fala durante uma coletiva de imprensa para destacar suas principais prioridades para as reuniões dos ministros das Finanças e governadores de bancos centrais do G20, em São Paulo, Brasil, em 27 de fevereiro de 2024. REUTERS/Carla Carniel/File Photo

Yellen disse que desafiou o ministro das Finanças francês, Bruno Le Maire, a ajudar a desenvolver as opções buscadas pelos líderes do Grupo dos Sete (G7) a tempo de sua cúpula de junho, depois que Le Maire rejeitou publicamente sua visão de que há um caso legal para monetizar os ativos.

Autoridades do G7 lutam há um ano sobre o que fazer com os ativos soberanos russos para ajudar a Ucrânia, que Moscou invadiu há dois anos. O debate se espalhou para o público durante a reunião do G20 desta semana, revelando profundas divisões entre os aliados do G7.

A Rússia ameaçou retaliar se o Ocidente confiscar seus ativos. Alguns países europeus temem que isso possa abrir precedentes perigosos e minar a fé nas moedas ocidentais, embora Yellen tenha chamado uma mudança maciça dessas moedas de "altamente improvável".

Na entrevista, ela disse que, embora alguns europeus estivessem céticos sobre a apreensão de ativos, havia opções como usar os ativos como garantia para empréstimos e uma nova proposta para emitir um empréstimo sindicalizado, que ela descreveu como uma "opção interessante".

"Há questões jurídicas complicadas aqui. Concordamos que o que quer que façamos tem que ter uma lógica jurídica internacional firme, bem como uma lógica doméstica", disse Yellen.

"Vamos continuar trabalhando. O pessoal (do Le Maire) está trabalhando com o nosso. Pedimos a ele que nos ajudasse a apresentar opções, opções que possamos apresentar aos líderes."

OPÇÕES PARA OS LÍDERES DO G7


Yellen disse que os líderes do G7 pediram a suas equipes "que apresentassem o máximo de opções viáveis que pudéssemos e analisassem os benefícios e custos associados a elas".

A decisão sobre "o que fazer - o go-no-go - cabe a eles", disse ela, acrescentando que não está claro se os líderes chegarão a tal decisão em sua cúpula na Itália, em junho.

Yellen disse que é fundamental não comprometer o trabalho da câmara de compensação belga Euroclear, que detém a maioria dos ativos russos. "A Euroclear é uma utilidade financeira infinitamente importante e devemos ter um cuidado excepcional para não fazer nada que coloque em risco o seu funcionamento", disse.

A secretária do Tesouro dos EUA disse que continua convencida de que a teoria legal de "contramedidas" oferece um forte argumento para desbloquear o valor dos ativos russos, uma visão compartilhada por muitos especialistas proeminentes. De acordo com o direito internacional, as contramedidas fornecem um meio legal para os Estados responderem às violações de seus direitos.

Todos os governos do G7 concordam com a necessidade urgente de avançar para ajudar a Ucrânia, que tem enfrentado reveses militares da Rússia, disse uma autoridade ocidental.

Le Maire defendeu uma abordagem mais modesta, centrada nos movimentos da União Europeia para usar os lucros inesperados dos ativos congelados para gerar receitas para a Ucrânia.

Washington apoia a ideia de imposto extraordinário, mas quer ver se uma ação mais significativa se justifica, dado o que chama de natureza flagrante da invasão da Rússia.

A questão ganhou importância desde que US$ 61 bilhões em ajuda dos EUA à Ucrânia foram bloqueados pela Câmara dos Representantes, liderada pelos republicanos.

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