Ataque de Israel ao consulado do Irã mostra 'status quo entre EUA e aliados' que permite impunidade

Nesta semana, aviões de guerra israelenses atacaram a Embaixada do Irã na Síria, matando sete conselheiros militares, incluindo dois generais. O líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, jurou vingança. Nesta quinta-feira (4), Tel Aviv tomou providências militares por medo de retaliação.


Sputnik

Na interpretação do analista político iraniano-americano Seyed Mohammad Marandi, diante da forma como os Estados Unidos e os seus aliados permitiram continuamente que Israel "cruzasse todas as linhas vermelhas" no passado, o ataque ao consulado em Damasco "não deveria ser surpresa".

© AFP 2023 / Louai Beshara

"O regime israelense só é capaz de levar a cabo estes ataques porque os Estados Unidos, os europeus, os canadenses, os britânicos e os australianos permitem-lhes cruzar todas as linhas vermelhas. Quando lhes é permitido cometer um genocídio, quando lhes é permitido realizar um Holocausto, nas palavras do presidente do Brasil, então, obviamente, atacar uma embaixada não deveria ser algo inesperado", afirmou Marandi em entrevista à Sputnik.

Além de não traçar limites para as ações do governo em Tel Aviv, Washington e os europeus continuam a repetir as mentiras de Israel, segundo o analista.

"Agora, eles ainda tentam repetir suas mentiras, embora seja muito mais difícil", explicou Marandi. "Eles destruíram todos os hospitais, toda a infraestrutura. Eles atiram em pessoas carregando bandeiras brancas", relembrou o especialista, acrescentando que as forças israelenses já atacaram duas vezes o Hospital Al-Shifa, e na primeira vez alegaram falsamente que continha uma rede de túneis e um centro de comando do Hamas.

"Há tanta documentação que não há forma de os norte-americanos e os europeus escaparem da realidade de que este é um regime genocida e criminoso de cima a baixo. Ainda assim, eles comportam-se como se este fosse um país normal, como se este fosse um país que está exercendo o seu direito e que pode estar cometendo erros."

Marandi reconheceu a improbabilidade de Washington não ter aviso prévio sobre o ataque, no entanto, o analista sublinhou que, caso o governo Biden não tenha sido avisado, isso mostraria a falta de respeito de Israel pelos EUA.

"Se os norte-americanos não sabiam, isso apenas mostra que os israelenses não têm respeito pelos Estados Unidos, não se importam com quais são as implicações para os Estados Unidos nesta região e globalmente, porque não há dúvida de que os iranianos vão responder. Este não é um ataque comum", afirmou.

Ao contrário dos EUA e dos europeus, que permitem que Israel "saia impune de qualquer coisa", este ataque é uma linha vermelha "que os iranianos não podem ignorar".

"O Irã vai reagir com força. E se os EUA não sabiam, isso significa que os israelenses estão colocando os americanos em risco de uma situação muito complicada, mas eles não se importam", acrescentou.

Possivelmente Tel Aviv está consciente de que este ataque pode trazer consequências graves para Israel.

Nesta quinta-feira (4), os militares israelenses suspenderam a licença para todas as unidades de combate em meio a preocupações de uma possível escalada de violência depois que o assassinato de generais iranianos em Damasco gerou ameaças de retaliação, relatou a Reuters.

O ex-chefe da inteligência de Israel, Amos Yadlin, disse que o Irã pode escolher esta sexta-feira (5) – a última do mês sagrado muçulmano do Ramadã e do Dia do Quds (Jerusalém) iraniano – para responder ao ataque em Damasco, seja diretamente ou por procuração.

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