"Estamos horrorizados", diz vice-presidente da ONG Médicos do Mundo sobre morte de trabalhadores humanitários em Gaza (VIDEO)

Líderes e ONGs internacionais expressam sua indignação nesta terça-feira (2) com a morte de sete trabalhadores humanitários em um bombardeio israelense na Faixa de Gaza. Em entrevista à RFI, o vice-presidente da organização Médicos do Mundo, Jean-François Corty, se disse horrorizado com a notícia.


RFI

"Esses voluntários foram mortos em ação, tentando salvar vidas", lamenta Corty. De fato, segundo as primeiras informações divulgadas pelas agências internacionais, os trabalhadores humanitários foram mortos em dois veículos da ONG americana World Central Kitchen (WCK), que participa de operações de distribuição de mantimentos na Faixa de Gaza. O comboio foi atingido ao deixar um armazém de comida na cidade de Deir al-Balah, no centro do enclave.

O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, disse hoje que o Departamento de Relações Exteriores e Comércio do país convocou o embaixador israelense, por causa do assassinato de Zomi Franckom, uma cidadã australiana.

O vice-presidente da Médicos do Mundo ressalta que a WCK atua em coordenação com as forças israelenses na Faixa de Gaza. "Esses trabalhadores humanitários deveriam ter garantias de segurança, mas vimos que elas não foram respeitadas", sublinha.

Para Corty, o fato de a ONG estar sediada nos Estados Unidos, um tradicional aliado de Israel, "suscita muitas dúvidas sobre a intenção ou não deste ataque". "Chegamos em um ponto hoje em que os trabalhadores humanitários não podem desempenhar seu papel", avalia.

Bombardeio "não intencional"


O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, admitiu nesta terça-feira que os sete funcionários da WCK foram mortos em um bombardeio "não intencional". "Isto acontece em uma guerra [...] estamos em contato com os governos e faremos todo o possível para que não volte a acontecer", acrescentou o premiê.

O porta-voz do Exército israelense, o contra-almirante Daniel Hagari, afirmou que conversou com o chef fundador da ONG, o americano-espanhol José Andrés, para expressar suas "mais profundas condolências".

Hagari também anunciou que uma investigação será realizada pelas Forças Armadas do país e que as informações serão compartilhadas "de forma transparente". O comandante do Estado-Maior de Israel, Herzi Halevi, está encarregado de revisar "pessoalmente" os resultados deste trabalho.

Distribuição de toneladas de mantimentos


Desde o início da guerra entre Israel e o grupo Hamas, em 7 de outubro de 2023, a WCK participou de diversas operações de distribuição de refeições. Desde março, a ONG integra uma imensa ação por meio de um corredor humanitário saindo do Chipre. A operação permitiu a chegada de dezenas de toneladas de mantimentos no território onde a população passa fome.

Após a tragédia de segunda-feira, a WCK indicou que interrompeu suas operações na Faixa de Gaza. No entanto, o governo cipriota prometeu não se deixar "desencorajar" pela tragédia e manter o corredor humanitário em funcionamento.

As vítimas eram originárias da Austrália, Polônia e Reino Unido. Entre os mortos, há também um cidadão com dupla cidadania americana e canadense e um palestino. A nacionalidade de uma sétima vítima ainda não foi revelada.

Segundo o Ministério da Saúde palestino, administrado pelo grupo Hamas, a vítima palestina trabalhava como tradutor e motorista do grupo.

Indignação internacional


O bombardeio israelense suscitou uma imensa indignação em todo o mundo. Os Estados Unidos se disseram "profundamente perturbados" com o ataque. O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, lamentou as mortes "apesar de todos os pedidos para proteger civis e trabalhadores humanitários".

O primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, confirmou a identidade da trabalhadora humanitária australiana Lalzawmi "Zomi" Frankcom, classificando o incidente de "completamente inaceitável". Já o governo polonês pediu explicações a Israel sobre o ataque.

O ministro francês das Relações Exteriores, Stéphane Séjourné, condenou "firmemente" o ataque israelense contra o comboio da WCK. Ao lado dele, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, em visita a Paris, convocou Israel "a fazer mais para proteger civis inocentes" e exigiu uma "investigação imparcial" sobre o bombardeio.

O veículo da Word Central Kitchen Foundation, que foi bombardeado pelas forças nazistas de "israel" em Deir Al Balah, centro de Gaza. 7 membros foram mortos no ataque.

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