Força Aérea, diz que deu Gripen, Lula diz que não

FAB reage a notícia que dá caça sueco como vencedor do F/X-2

Área Militar

Depois que a Folha de São Paulo divulgou em um artigo sobre o programa de aquisição de aeronaves para a Força Aérea Brasileira, que a FAB tinha preferência pelo caça sueco Gripen, a força veio afirmar numa nota tornada pública e assinada pelo chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica, Brig. Antonio Bermudez, que a FAB já terminou seu relatório mas que ainda não o entregou ao Ministério da defesa.

Nos últimos tempos vários comentários publicados na imprensa e alegadas fugas de informação, apontaram como vencedor na análise da Força Aérea, o caça norte-americano F-18.
 

O caça americano seria aquele que deveria permitir à FAB uma maior operacionalidade, mas acima de tudo, aquele que poderia ser incorporado num menor período de tempo.

A má experiência da FAB com os franceses, nomeadamente na manutenção dos motores dos vetustos Mirage-III não deixou boas lembranças, ao mesmo tempo que com os motores dos caças F-5, que são de origem norte-americana, os problemas terão sido muito menores.

Mas a FAB também divulgou que no conjunto de quesitos que foram analisados, a força teve em consideração aspectos comerciais, técnicos, operacionais, logísticos, industriais, compensação comercial e transferência de tecnologia.


Em principio a FAB não aponta nenhum vencedor, mas não deixa de apontar uma das aeronaves, consoante cada um dos quesitos analisados.

Segundo os dados disponíveis, e carecendo de confirmações adicionais, nos aspectos comerciais e técnicos, o caça F-18 terá levado vantagem.
 

Os aspectos operacionais e logísticos, não há um claro favorito, mas F-18 e o Gripen se superiorizam ao Rafale.

Os aspectos industriais são controversos e neste caso haveria vantagens do Gripen e do Rafale. Na compensação comercial, não há uma vantagem clara de uma aeronave. O Gripen é o mais barato, mas o F-18 é melhor na relação qualidade preço. Tanto Gripen quanto Rafale são afetados pelo cambio do Euro. A moeda sueca é diretamente relacionada ao Euro, que se encontra em alta, beneficiando o F-18 que tem preço em dolar.


O aspecto da transferência de tecnologia continua sendo dos mais controversos, com acusações e duvidas sobre que tecnologias poderão ser transferidas e quais dessas tecnologias precisam ser transferidas (o Brasil já fabrica caças há décadas e os técnicos brasileiros não são exatamente novatos no assunto).


A soma dos quesitos, dá alguma vantagem ao Gripen sobre o F-18 e deixa o Rafale claramente no último lugar.

As questões politicas não são oficialmente parte da análise feita pelos militares, mas inevitavelmente haverá sempre preferências resultado da experiência. Subsistem dúvidas para lá das garantias dadas pelos norte-americanos, de que a transferência tecnológica poderia ocorrer de forma efetiva.


No caso do F-18 as necessidades brasileiras só poderiam ser satisfeitas se o Brasil tivesse o estatuto de «Aliado Preferencial», estatuto que é dado a países como o Japão, a Austrália ou aos aliados americanos da OTAN.


Na transferência tecnológica a França deu garantias de total transferência, mas não as traduziu em propostas concretas em papel. Neste quesito, o Brasil tem experiência e sabe com o que conta no caso da sueca SAAB, com a qual a brasileira Embraer desenvolveu aeronaves sofisticadas como o EMB-145 AEW, uma aeronave de vigilância aérea, que se encontra entre as melhores de sua classe.

Lula não abre

A situação deixa o governo de Lula da Silva numa posição um pouco delicada, pois o presidente mostrou clara preferência pelos franceses, ainda antes que os vários aspectos tivessem sido devidamente analisados.

Já depois da informação da Força Aérea, a imprensa brasileira noticiou que o presidente não gostou dos resultados das análises feitas pela FAB, quando já tinha avisado que era ele (Lula) quem decidia o que comprar.

Uma opção pelo F-18 ou pelo Gripen, deixaria Lula da Silva numa posição fragilizada e causaria graves prejuízos aos franceses. Já a opção pelo Rafale exclusivamente por razões politicas, cavará uma trincheira entre Lula e os militares, que vão-se sentir desautorizados com a compra de um equipamento que eles mesmos rejeitaram mas garantirá à Dassault uma muito necessária garrafa de oxigênio para garantir sua sobrevivência.

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