Caças... Para quê?

Sérgio Ernesto Alves Conforto - Jornal de Brasília
General reformado e professor do Curso de Pós-graduação de Estratégia Militar para a Gestão de Negócios da Faculdade Armando Alvares Penteado 


Como militar e general da reserva tenho sido questionado sobre a decisão de o governo brasileiro investir cerca de US$ 10 bilhões na aquisição de 36 caças a jato de última geração para a Força Aérea Brasileira, mesmo sem inimigos aparentes. O questionamento, compreensível em um país com tantas carências na educação, na saúde e na segurança públicas, entre tantas outras, surge da falta da percepção dos diferentes poderes de uma nação.
 
O poder é a capacidade (não confundir com o potencial) de uma pessoa, empresa, instituição ou país alcançar o que almeja. Quando os objetivos de uma nação são confrontados ou quando ela deixa de exercer o seu poder, seu espaço, cobiçado, é ocupado por outras. É daí que surgem conflitos e guerras.


Foi assim na enorme perda de território do México para o poderoso vizinho norte-americano.
 
O fortalecimento das Forças Armadas está inserido nas cinco dimensões de poder de uma nação. O poder político é a solidez das suas instituições, a estrutura de governo, a capacidade de influência nos organismos internacionais e construir alianças estratégicas. O poder econômico é o tamanho do Produto Interno Bruto (PIB), do comércio internacional, das indústrias, da produção agrícola, do acúmulo de reservas internacionais, da circulação e da distribuição das riquezas. O poder científicotecnológico vem do grau de conhecimento produzido e acumulado, da inovação aplicada na saúde e bem estar da sua população. A preservação da cultura, a educação, o temperamento, a religiosidade, a solidariedade e as aspirações de um povo estão no poder psicossocial de um país.

 
Já o poder militar é a capacidade do emprego da força de ataque e de defesa em prol dos objetivos nacionais e contra as ameaças externas ou internas aos outros níveis de poder. Em nação forte, as relações entre as esferas de poder devem ser harmônicas e uniformes. A preponderância de uma sobre as outras, por exemplo, provocou a queda da antiga União Soviética. Gigante nos campos militar, científico-tecnológico e na política internacional, fracassou nos campos psicossocial, econômico e político.

 
Ser rico e fraco é se expor à cobiça dos ambiciosos e mais fortes. O Brasil está em franco processo de desenvolvimento, na exploração de suas riquezas e conquista de mercados. As reservas de água, petróleo e de minério, a biodiversidade amazônica, constituem patrimônio inestimável para as atuais e futuras gerações. O Brasil é um país pacífico por excelência, satisfeito com seu território, amparado por tratados, e autossustentável em recursos naturais. As atividades das forças armadas têm se destacado, sim, na manutenção da paz em países em conflito. Não passa pela estratégia militar brasileira agredir, invadir, conquistar territórios que não nos pertençam. Mas é preciso acenar, de forma convincente, aos olhos cobiçosos que não faltam. Quanto mais influentes nos tornamos como nação, mais fortes teremos de ser para defender nossas riquezas. Investir na defesa territorial, naval e aérea é investir na paz.

2 Comentários

  1. Excelente postagem !

    Muito boa mesmo!

    Matheus

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  2. disse tudo,pena que os cegos,corrupetos e traidores da patria entregistas nao desejem e nao permitam o brasil se transformar em uma potencia atomica.

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