Cessar-fogo avança e cerca de 8 mil devem deixar fronteira entre Síria e Líbano

Trégua entrou em vigor na quinta e envolverá a saída de todos os militantes da Frente Nusra, junto com qualquer civil que desejar partir com eles.



Reuters

Cerca de 8 mil pessoas devem deixar a região da fronteira libanesa perto de Arsal rumo a uma área síria dominada por rebeldes, como parte de um cessar-fogo local entre os grupos Hezbollah e Frente Nusra, informou neste domingo (30) uma fonte no Líbano.

Mulheres e crianças fogem de Mosul, na Síria, em imagem de arquivo (Foto: Azad Lashkari/Reuters)
Mulheres e crianças fogem de Mosul, na Síria, em imagem de arquivo (Foto: Azad Lashkari/Reuters)

O cessar-fogo local entrou em vigor na quinta-feira e envolverá a saída da área em torno de Arsal de todos os militantes da Frente Nusra, juntamente com qualquer civil que desejar partir com eles.

A primeira etapa do cessar-fogo ocorreu neste domingo, quando ambos os lados iniciaram a troca de corpos de militantes mortos em combates. Como parte do acordo, a Frente Nusra deverá libertar cinco prisioneiros do Hezbollah.

A Frente Nusra e o Estado Islâmico ocuparam por anos as montanhas próximas a Arsal, no norte do Líbano, o ponto mais grave de propagação da guerra civil da Síria para o vizinho Líbano.

O xiita Hezbollah recuperou a maior parte da área dominada pela Nusra durante uma ofensiva na semana passada que matou quase 150 militantes sunitas e cerca de 24 membros do Hezbollah.

O Hezbollah, que teve um papel importante na guerra civil síria ao apoiar o presidente Bashar al-Assad, deverá lançar uma ofensiva contra um pequeno enclave do Estado Islâmico perto de Arsal.

EUA

Em setembro, começou a valer o acordo para cessar-fogo na Síria, anunciado por Estados Unidos e Rússia, aprovado pelo governo sírio.

Na ocasião, o secretário de Estado americano, John Kerry, e o ministro russo das Relações Exteriores, Sergey Lavrov, que apoiam lados opostos na guerra, anunciaram a trégua durante uma reunião em Genebra, na Suíça, com o objetivo de encontrar uma solução política para a crise da Síria. O país vive em guerra há cinco anos e já registrou mais de 290 mil mortes neste período.

Os EUA apoiam os rebeldes moderados e curdos que lutam na Síria, além de liderar a coalização internacional que bombardeia alvos do Estado Islâmico no país. A coalização liderada pelos EUA defende o fim do regime do presidente Bashar al-Assad.

A Rússia, por sua vez, é aliada do governo sírio. Mas tanto a Rússia quanto os EUA têm um alvo em comum: os extremistas do Estado Islâmico. O EI perdeu um terço de seus territórios, conquistados em 2014: agora controla apenas 20% do Iraque e 35% da Síria, um total de 150.000 km² habitados por 4,5 milhões de pessoas.

Guerra na Síria

Mais de 290 mil pessoas morreram na guerra civil que começou há 6 anos. Os EUA apoiam os rebeldes moderados e curdos que lutam na Síria, além de liderar a coalização internacional que bombardeia alvos do Estado Islâmico no país. Já a Rússia apoia o Exército do presidente Bashar al-Assad.

Uma trégua anunciada em fevereiro entre os inimigos da Guerra Fria entrou em colapso e diálogos de paz ruíram, com o governo sírio e a oposição fazendo acusações mútuas de violações. Os confrontos têm crescido desde então no país, particularmente na cidade dividida de Aleppo, onde os avanços de ambos os lados cortaram suprimentos, energia e água para cerca de 2 milhões de moradores de áreas pró-governo e favoráveis aos rebeldes.

A cidade está dividida em duas desde julho de 2012: a leste ficam os bairros rebeldes e a oeste os bairros controlados pelo regime. Os bombardeios de aviões do regime sírio e de seus aliados russos são lançados diariamente. O regime é acusado pela Defesa Civil da Síria, uma organização de agentes de resgate que opera em áreas controladas por rebeldes, por lançar bombas-barril contendo gás cloro em Aleppo.

Em agosto, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, alertou sobre o que chamou de uma “catástrofe humanitária” sem precedentes em Aleppo.

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