Diretor de vendas da Embraer afirma que venda de aeronaves para a República Dominicana 'foi limpa'

Ao ser perguntado sobre propina para coronel dominicano, ele se esquivou: ' Se foi paga propina ou algo a ele, não sei', disse em depoimento


Por Ricardo Abreu | Globonews


Em depoimento na 7ª Vara de Justiça Federal, o diretor de vendas da Embraer entre 2008 e 2010, Edson Munhoz negou pagamento de propina no valor de U$ 3,5 milhões para um coronel da Força Aérea Dominicana para conseguir vender oito aeronaves militares Super Tucano pelo preço total de U$ 92 milhões. Segundo ele, a Embraer venceu a licitação de forma "limpa". As informações são da Globonews. O juiz Marcelo Bretas continuou a ouvir hoje os réus no processo em que funcionários e ex-funcionários da Embraer são acusados.

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Embraer Super Tucano da Força Aérea da República Dominicana

Segundo Edson, para a Embraer era uma venda simples. Houve intermediação de diversas partes, inclusive os governos brasileiro e dominicano. “O embaixador brasileiro na República Dominicana ajudou. O comandante da FAB também fez uma ponte. Governo brasileiro também ajudou”, explicou ele, em depoimento nesta terça-feira (31).

O coronel citado na denúncia é Carlos Piccini Núñez, Coronel e Diretor de Projetos Especiais da Força Aérea Dominicana. Munhoz diz que a condução do processo não era mais da área dele, e se esquivou sobre o pagamento de propina. “Se foi paga propina ou algo a ele, eu não sei”, afirmou.

A denúncia do MPF foi oferecida à Justiça em agosto de 2016. O processo possui 11 réus, todos executivos ou ex-executivos da Embraer, que respondem pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

Denúncia

Em outubro de 2016, a Embraer anunciou, em comunicado, que fechou um acordo com a autoridades brasileiras e americanas em que se comprometeu a pagar 205 milhões de dólares para encerrar as investigações contra a empresa. Desse valor, 20 milhões de dólares serão pagos no Brasil.

O acordo, no entanto, não incluiu pessoas físicas - ou seja, funcionários da Embraer poderiam - e de fato foram - ser processados criminalmente pelo Ministério Público Federal (ver mais detalhes abaixo, em "Informações").

A venda dos aviões para a República Dominicana aconteceu em 2007. E o pagamento da propina foi em 2010.

Esta ação criminal marca uma das primeiras tentativas das autoridades brasileiras de processarem cidadãos brasileiros por pagamento de propina no exterior.

As agências americanas também estão investigando os acordos da Embraer na República Dominicana e em outros países da América Latina, África, Oriente Médio e Ásia.

No ano passado, a Embraer fechou um acordo de leniência para pagar 206 milhões de dólares a autoridades brasileiras e americanas. Esse acordo encerrou as acusações contra a fabricante nos órgãos de controle do mercado financeiro.

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