EXCLUSIVO: PHM Atlântico inaugura novo conceito operacional na MB

O colaborador do Poder Naval Luiz Monteiro está na Inglaterra. Nós o procuramos para que, dentro do possível, ele nos ajudasse a decifrar os critérios que irão reger a formação do Destacamento Aéreo a ser embarcado, futuramente, no porta-helicópteros multipropósito Atlântico (ex-HMS Ocean).


Por Roberto Lopes | Poder Naval

O navio chega ao Rio de Janeiro no mês de agosto, e receberá uma verdadeira romaria de oficiais que subirão a bordo não apenas para conhecê-lo; também para estudá-lo: gente da Diretoria de Abastecimento da Marinha, da Diretoria de Aeronáutica da Força, do Corpo de Fuzileiros Navais, da Aviação do Exército e da própria Força Aérea Brasileira.

HMS Ocean operando no Brasil, em 2010
HMS Ocean operando no Brasil, em 2010

Depois virão meses e meses de testes, com o navio atracado e operando ao largo da costa brasileira. As certificações necessárias ao aprontamento da embarcação, para que ela seja considerada plenamente operacional, devem entrar pelo ano de 2020.

Monteiro, entretanto, nos adverte para o fato de que o tal “Destacamento Aéreo” de que falamos tornou-se, com o advento desse porta-helicópteros, uma figura quase anacrônica.

Vamos entender o que ele quis dizer com isso.

Desde já, em nome dos milhares de leitores do PN, agradeço a disposição do nosso amigo em, mais uma vez, nos ajudar a conhecer a Modernidade dentro da Marinha do Brasil.

Eis os principais esclarecimentos de Luiz Monteiro:

Poder Naval – Por que falar em “Destacamento Aéreo” é algo anacrônico?

Luiz Monteiro –
O conceito de Destacamento aéreo fixo para o Atlântico está equivocado. Com a incorporação desse navio, a MB inaugura um novo conceito, trazido da Royal Navy, denominado “Bolsa de Golfe”.

PN – Como assim?

LM –
No golfe, o jogador carrega sua sacola com tacos específicos para cada jogada ou estratégia traçada. Dependendo da situação do jogo, e das circunstâncias em cada momento da partida, ele saca o taco adequado.

O PHM Atlântico será a nossa “bolsa de golfe” e carregará os meios aeronavais (tacos) de acordo com sua missão. Lembrando sempre que o barco poderá levar até 18 helicópteros.

PN – E em uma comissão onde haja mais de uma ameaça a enfrentar? Por exemplo: guerra antissubmarino e antinavio?

LM –
Caso a missão seja ASW/ASuW, o porta helicópteros embarcará o maior número possível de aeronaves MH-16 e UH-15A, sendo o conjunto complementado por um ou dois helicópteros de transporte médios, tipo UH-15, e um ou dois aparelhos leves, de ligação.

PN – Na hipótese de a missão exigir a transferência de uma tropa de fuzileiros para a terra…

LM –
Aí a coisa se inverte. Na hipótese de o objetivo ser a transferência de tropas, e mesmo no caso de ajuda humanitária, se embarcará o maior número possível de helicópteros médios de transporte, e leves de ligação. Podendo, ou não, receber um ou dois MH-16 e/ou UH-15A.

Como você pode ver, o Destacamento Aéreo vai depender da missão que se pretende naquele instante. Existem diversas variações, ou composições, de possíveis destacamentos. Não vou detalhar todos. Só queria que você e os leitores do PN entendessem o conceito.

PN – A Força Aeronaval tem aeronaves para todas essas hipóteses de missão?

LM –
Essa é a pergunta natural que devemos nos fazer. Na minha opinião, o conceito “Bolsa de Golfe” obrigará a MB a, no futuro, adquirir novas unidades do MH-16 e do UH-15A…

PN – Para sanar que tipo de eventual carência?…

LM –
Para aproveitar de forma completa o potencial de operações do Atlântico, ou, em outras palavras, a total capacidade das aeronaves embarcadas em missão ASW/ASuW, que seria um grupamento máximo de 8 MH-16 e 8 UH-15A.

PN – A possibilidade de o navio operar aeronaves de outras Forças está confirmada?

LM –
Sim, certamente! O Atlântico poderá embarcar helicópteros da FAB e do EB, aumentando a quantidade de missões que essa plataforma poderá desempenhar, tais como apoio de fogo a tropas em terra, o emprego dos helicópteros de ataque da FAB, ou aqueles que o EB está tencionando comprar, os Super Cobra.

PN – Na sua opinião, tudo isso, então, justifica plenamente a compra do Atlântico pela MB…

LM –
Plenamente. Fiquei triste, ano passado, quando vi gente torcendo contra a aquisição do navio. Eram poucos, felizmente, mas não há dúvidas de que faltou visão a essas pessoas.

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