Jornalistas são deportados após ficarem detidos na sede do governo venezuelano (VIDEO)

Equipe teve câmeras e material gravado confiscado após Maduro se irritar ao ser questionado sobre a falta de democracia na Venezuela e ver vídeo de homens comendo lixo em Caracas. Ao registrar movimentação no hotel, outro jornalista foi levado por homens armados e passou sete horas incomunicável.


Por G1

Os seis jornalistas da emissora Univision Noticias que ficaram detidos no Palácio Miraflores, sede do governo venezuelano, foram deportados para os Estados Unidos nesta terça-feira (26). Outro jornalista, desta vez da Telemundo Noticias, que registrava a movimentação no hotel onde os colegas estavam, também foi detido e passou sete horas incomunicável.

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Grupo de jornalistas é deportado da Venezuela depois de entrevista que desagradou Maduro

O Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP) da Venezuela informou que a equipe de TV foi escoltada até o aeroporto pelo Serviço de Inteligência venezuelano, que os vigiou durante toda a noite no hotel em que estavam hospedados, depois de saírem do palácio presidencial de Miraflores.

Um integrante da equipe publicou vídeo do momento em que iam para o avião. No vídeo, o jornalista Jorge Ramos denuncia que tiveram suas câmeras e o material que tinham gravado "roubado" pelas autoridades chavistas.

A ordem para que eles ficassem retidos no Palácio Miraflores e o material da equipe fosse apreendido partiu do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, de acordo com a emissora, a maior rede de televisão hispânica dos Estados Unidos. O chefe de Estado se irritou com as perguntas e um vídeo mostrado pela equipe.

Ramos, um âncora veterano nascido no México, disse em entrevista à emissora que perguntou a Maduro sobre a falta de democracia na Venezuela, a tortura de presos políticos e a crise humanitária do país.

Depois de ver um vídeo de jovens venezuelanos comendo restos de alimentos retirados de um caminhão de lixo, Maduro interrompeu a gravação, mandou confiscar o equipamento e deter os profissionais.

Detenções curtas e deportações se tornaram comuns na Venezuela, especialmente quando repórteres que enfrentam atrasos para conseguir permissões oficiais para trabalhar no país buscam atalhos para exercer a atividade jornalística.

Ao menos sete jornalistas estrangeiros foram presos no país em janeiro depois que o líder da oposição Juan Guaidó se autoproclamou presidente interino, impondo a Maduro o seu maior desafio político desde que sucedeu a Hugo Chávez no poder.

Em 2015, Ramos foi expulso durante uma entrevista coletiva com Donald Trump, então pré-candidato à presidência dos EUA.

Ramos, que já tinha entrado em choque com Trump sobre temas como imigração e deportação, se levantou para fazer uma pergunta e foi ignorado pelo magnata, que cedeu a palavra a outro jornalista. Ele insistiu e Trump se irritou: "desculpe-me, mas o senhor não foi chamado, sente-se".

"Tenho o direito de fazer uma pergunta", retrucou Ramos, ao que Trump respondeu: "volte para a Univisión". Ramos foi então retirado da sala pelos seguranças.

Outro jornalista

Na manhã desta terça-feira, o jornalista Daniel Garrido, da Telemundo Noticias, foi capturado ao fotografar viaturas do Sebin (Serviço Bolivariano de Inteligência da Venezuela) na porta do hotel onde estavam hospedados os jornalistas da Univision, deportados para os EUA.

Segundo um comunicado da Telemundo, o caso está sendo tratado como sequestro, porque o jornalista foi levado por um grupo de homens armados que não se identificaram, o forçaram a entrar em um veículo, colocaram um capuz em sua cabeça e o retiraram do local. Ele então foi interrogado durante seis horas e liberado sem qualquer explicação, e sem ter seu equipamento devolvido.

Garrido chegou a ser dado como desaparecido depois de ficar sete horas sem dar notícias, e o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa divulgou um pedido de notícias de seu paradeiro no Twitter.

O jornalista Luis Fernandez, também da Telemundo, informou depois que Garrido havia entrado em contato por email, avisando que foi liberado, mas que seu material tinha sido confiscado, incluindo seus telefones.




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