O poder aéreo da Índia e do Paquistão

Os últimos dias presenciaram o ressurgimento de uma rivalidade entre Índia e Paquistão, duas nações com poder nuclear, motivado desta vez por ataques aéreos indianos a campos de treinamento terroristas em território paquistanês. Como resposta o Paquistão contra-atacou, com aeronaves abatidas de ambos os lados, em uma situação em franco processo de escalada.


Sérgio Santana* | Poder Aéreo

O poder aéreo da Índia

De acordo com várias fontes especializadas em Defesa, a Força Aérea da Índia (Bharatiya Vayu Sena, BVS) opera 539 aeronaves de caça e ataque:


  • 185 Mikoyan-Gurevich MiG-21 “Fishbed” de vários subtipos; 
  • 128 Sukhoi Su-30MKI “Flanker”; 
  • 115 SEPECAT “Jaguar”; 
  • 51 Dassault-Breguet Mirage 2000, 
  • 24 Mikoyan-Gurevich MiG-27 “Flogger” e 
  • 12 HAL Tejas; 
  • 25 helicópteros de ataque Mil Mi-35 “Hind” que podem atuar em conjunto com nada menos que 
  • 184 helicópteros multifuncionais Mil Mi-17 “Hip” com capacidade secundária de ataque.


Caças Sukhoi Su-30 e Tejas da IAF
Sukhoi Su-30 e Tejas indianos | Reprodução

Dezenas de helicópteros HAL Dhruv, muitos dos quais preparados para função de ataque e operados pela aviação do exército indiano, podem prover um reforço na neutralização de forças inimigas.

Quarenta e cinco Mikoyan-Gurevich MiG-29KUB “Fulcrum”, operados pela Aviação Naval (Bharatiya Nau Sena, BNS) podem ser também ativados.

As aeronaves de caça/ataque podem ser reabastecidas em voo por 6 aviões-tanque Ilyushin Il-78 “Midas”, enquanto a força de transporte aéreo tem seu núcleo em 17 exemplares do Il-76 “Candid”, 10 Lockheed C-130J “Hercules” e igual número de Boeing C-17 “Globemaster III”.

O alerta antecipado e controle das operações aéreas é desempenhado por 3 Embraer/DRDO EMB-145I “Netra” outros três Beriev/IAI A-50EI “Mainstay”. Estas aeronaves de asas fixas podem ser suplementadas na mesma função por 14 exemplares do helicóptero Kamov Ka-31 “Helix-B”, operados pela BNS.

As aeronaves listadas e outras de menor relevância para as operações contra o Paquistão estão agrupadas em mais de 70 unidades que ocupam dezenas de bases aéreas e aeródromos de desdobramento, espalhados pelo território indiano, estando subordinadas aos seguintes comandos: Comando Aéreo Central; Comando Aéreo Leste; Comando Aéreo Oeste; Comando Aéreo Sudoeste; Comando Aéreo Sul; Comando de Manutenção e Comando de Treinamento. O Quartel-General da BVS localiza-se em Nova Délhi.

Capacidade de ataque nuclear da Força Aérea da Índia


Em adição à capacidade de ataque de precisão com armas convencionais, demonstrada na missão aérea que desencadeou a crise atual, a Força Aérea indiana também dispõe da capacidade de ataque nuclear (tendo detonado seu primeiro artefato atômico em 1974), com os vetores sendo o Jaguar (ou “Shamsher”, que foi modernizado recentemente, para o qual estima-se que existam de 10 a 30 bombas nucleares de queda livre, com potência de até 30 quilotons, o equivalente a 30 mil toneladas de TNT, excetuando a descarga radioativa) e o Mirage 2000 (denominado “Vajra”, trovão divino, também recentemente modernizado, para o qual há entre 20 e 50 bombas de queda livre, com potência média de 125 quilotons). Os Su-30 também poderiam ser usados em um ataque nuclear, embora não exista confirmação desta capacidade.

As bombas são mantidas desmontadas, com os componentes estocados em localidades diferentes

Além das bombas, a BVS também opera o míssil balístico de curto alcance Prithvi II, com ogiva nuclear de potência desconhecida. Como os demais ramos das Forças Armadas também possuem armas nucleares, a autorização do seu emprego depende da autorização de um comando conjunto.

O poder aéreo do Paquistão

Segundo estas mesmas fontes, a Força Aérea do Paquistão (Pāk Fizāʾiyah) possui 449 aeronaves de caça/ataque: 


  • 104 exemplares do PAC/Chengdu JF-17 Thunder; 
  • 77 do General Dynamics (agora Lockheed Martin) F-16 Fighting Falcon, de diversas versões; 
  • 152 exemplares do Dassault Mirage III e V; e
  • 116 aeronaves chinesas Chengdu F-7 “Airguard”. 
Trinta e oito treinadores Karakorum K-8, com capacidade secundária de ataque também estão operacionais. As aeronaves de caça/ataque com capacidade de reabastecimento aéreo podem receber combustível de quatro Ilyushin Il-78 “Midas”.

Caças F-16 do Paquistão | Reprodução

Vinte e cinco Bell helicópteros de ataque AH-1F Cobra (juntamente com 45 outros exemplares do mesmo modelo, operados pela aviação do exército paquistanês) podem ser suplementados por noventa e cinco helicópteros multifuncionais Mil Mi-17 “Hip” podem atuar no ataque a posições inimigas.

A força de transporte da aviação militar paquistanesa é integrada por 15 Lockheed Martin C-130 Hercules de vários modelos, seis Saab 2000 e quatro CN-235M.

Tal como a Índia, o Paquistão também dispõe de aeronaves de alerta antecipado e controle, na figura de quatro exemplares do Saab 2000AEW e mesmo número de aeronaves chinesas ZDK-03. As missões de guerra eletrônica são desempenhadas por três Dassault Falcon 20E/F.

A Força Aérea do Paquistão está distribuída em 13 bases operacionais e 8 aeródromos de desdobramento, administrados pelos seguintes comandos: Central, Sul, Norte, Defesa Aérea e Estratégico, responsável pela operação do arsenal nuclear da Força Aérea paquistanesa. Seu Quartel-General localiza-se em Islamabad.

Capacidade de ataque nuclear da Força Aérea do Paquistão

O Paquistão também possui bombas nucleares de queda livre. Suspeita-se que mais de 10 desses artefatos estejam estocados. Sua potência é estimada em pelo menos 25 quilotons e estão preparados para emprego em determinados esquadrões de F-16.

*Bacharel em Ciências Aeronáuticas (Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL), pesquisador do Núcleo de Estudos Sociedade, Segurança e Cidadania (NESC-UNISUL) e pós-graduando em Engenharia de Manutenção Aeronáutica (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC/MG). Único colaborador brasileiro regular das publicações Air Forces Monthly, Combat Aircraft e Aviation News.

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