Marinha do Brasil concentrará todos os seus submarinos na base de Itaguaí a partir de 2022

Os Comandos da Força de Submarinos e da Esquadra marcaram para 2022 a remoção de todos os seus cinco submarinos de tecnologia alemã IKL para a Base Naval de Itaguaí, 74 km (por terra) a oeste do Rio de Janeiro.


Por Roberto Lopes | Poder Naval

Os chefes navais definiram que o próximo Período de Manutenção Geral (PMG) do submarino Tupi, previsto para acontecer no período de 2021 a 2022, será o último grande serviço que a Gerência de Reparos de Submarinos do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ/G4) – fará em um submarino da classe IKL-209 sediado na Base Almirante Castro e Silva, da Ilha de Mocanguê (Niterói, RJ), nos fundos da Baía de Guanabara.


Submarinos classe Tupi na Base Almirante Castro e Silva (BACS) em Mocanguê, Niterói - RJ. Foto: Alexandre Galante
Submarinos classe Tupi na Base Almirante Castro e Silva (BACS) em Mocanguê, Niterói – RJ. Foto: Alexandre Galante

Após esse evento, todos os cinco submarinos de tecnologia alemã – quatro Tupis e o Tikuna (um IKL-209 modificado) – serão transferidos para a nova base que está sendo aprontada no complexo naval de Itaguaí (RJ), junto ao estaleiro incumbido de produzir as modernas embarcações da série francesa Scorpène (no Brasil, classe Riachuelo ou S-BR).

A antiga Base de Submarinos da Marinha do Brasil foi criada em maio de 1941 – em meio ao clima tenso da 2ª Guerra Mundial – sob a designação de Base da Flotilha de Submarinos. A denominação de Base Almirante Castro e Silva só foi adotada no pós-guerra – a 27 de setembro de 1946 – por meio do Aviso nº 1.865.

Com a transferência dos submarinos de origem alemã, seu futuro será o de servir como Base de Apoio a todas as classes de submarinos da Marinha do Brasil (MB) – condição reforçada, a 21 de março do ano passado, pela inauguração de um Sistema de Tratamento de Água por Osmose Reversa com Eletrodeionizador embutido, equipamento apto a atender toda a demanda de água destilada dos meios da Marinha do Brasil (MB).

Dispensas 

A remoção das unidades IKL-209 para Itaguaí implicará na desativação da famosa AMRJ/G4, constituída por um prédio administrativo, oficinas e o dique Santa Cruz, de 88,45 m de comprimento (8,5 m de altura e largura do fundo, na entrada, de 9,15 m), capaz de içar cargas de até 20 toneladas.

Na verdade, os reparos em submarinos IKL-209 são realizados por meio de uma parceria montada pelo AMRJ com a EMGEPRON, empresa vinculada à Marinha fortemente prestigiada durante a gestão do ex-Comandante da Força, almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira.

Esse esforço conjunto define trabalhos que vão do planejamento dos reparos a serem executados nos submarinos às provas de mar das embarcações.

O rol dos serviços disponíveis é extenso, e se estende das tarefas mais meticulosas (e arriscadas) de corte, solda e alinhamento e medição do casco resistente, até os encargos mais comuns – como os reparos de sistemas hidráulicos e de propulsão, e a manutenção de baterias –, que podem ser elencados da seguinte forma:

  • Reparo do motor diesel-elétrico;
  • Manutenção ordinária das praças de baterias;
  • Manutenção do snorkel;
  • Manutenção dos sistemas de refrigeração;
  • Reparo dos tubos lança-torpedos;
  • Inspeção e reparo de válvulas;
  • Reparo estrutural;
  • Reparo de periscópio e equipamentos ópticos;
  • Reparo de sensores e aparelhos elétricos e eletrônicos.

Entretanto, desde o ano passado que a EMGEPRON vem dispensando o pessoal empregado no AMRJ. Dentro de dois anos, o efetivo do G4 que restar será transferido para Itaguaí.

A transferência dos IKL para Itaguaí também permitirá aos navios da Força de Submarinos movimentação de forma bem mais discreta do que é possível fazer hoje, em plena Baía de Guanabara.

Além disso, um militar engenheiro naval disse ao Poder Naval que a tendência é o complexo de Itaguaí concentrar as principais atividades de fabricação da MB.

“Mesma água” 

Na verdade, a transferência dos IKL-209 não é uma ideia nova.

Cinco anos atrás, a Marinha traçou planos para as áreas do Arsenal do Rio que serão liberadas dos seus encargos, após a transferência para Itaguaí dos serviços de manutenção de submarinos.

De acordo com o apurado, à época, pelo PN, a ideia é de que as instalações que hoje servem à Oficina de Submarinos passem por modificações que as habilitem a esse reaproveitamento.

O plano: utilizar as áreas liberadas para a construção de blocos e megablocos destinados a navios de superfície. Mais tarde, tais componentes seriam acoplados nas carreiras ou no Dique “Almirante Régis”.

A “intimidade” do AMRJ com os submarinos IKL-209 é grande.

Em fevereiro do ano passado o Arsenal realizou a docagem de dois submarinos em sequência no Dique Almirante Jardim, um dos principais do Arsenal.

A 2 de fevereiro, o submarino “Tupi” foi docado para o conserto do ejetor de lixo. O reparo foi realizado pela equipe do AMRJ em três dias, permitindo que, a 8, a desdocagem do navio já pudesse ser realizada.

Em seguida, “na mesma água” – como o pessoal de Marinha gosta de dizer –, foi realizada a docagem (para serviços de inspeção e hidrojateamento do casco) do submarino “Timbira” – utilizando-se, inclusive, a mesma arrumação de picadeiros sobre a qual o Tupi repousara.

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