Os últimos Búfalos da FAB

Hélio Higuchi & Paulo Roberto Bastos Jr. – Base Militar

A comemoração do 37º aniversário de criação da Base Aérea de Manaus (BAMN), da Força Aérea Brasileira (FAB), no dia 29 de abril de 2007, teve como destaque a incorporação oficial dos primeiros aviões de transporte militar EADS/CASA C-295, nomeados na FAB como C-105A Amazonas, ao 1º Esquadrão do 9º Grupo de Aviação (1º/9º GAV). Eles vieram para substituir os veneráveis De Havilland Canada DHC-5A Buffalo (C-115 Búfalo na FAB), que até aquela data era o principal vetor do esquadrão.

O sobrevôo em formação de ambas as aeronaves representava o passado e o futuro, despertando a nostalgia com estes veteranos, pois era claro o clima de despedida com a sua iminente desativação, prevista para setembro de 2007.

Finalmente os Búfalos estariam chegando ao limite de sua vida útil? Por incrível que pareça a resposta parece ser não. Suas células estão com apenas 11500/12000 horas de vôo, o que garante que ainda podem voar por um bom tempo (pelo menos mais 5000 horas). Todavia, desde o início da década de 90, quando se iniciaram os planos para substituí-lo, cessaram os investimentos para mantê-los atualizados e, ao contrário do que se pensa, o desestímulo a atualização não comprometeu sua manutenção. A verdade é que, a partir daquela data, não se adquiriu mais nenhum dos diversos kits de modernização de seus componentes que surgiram no mercado, o que acabou tornando a sua operação onerosa e não compensadora. Como conseqüência os Búfalos ficaram bem mais caros de se operar que os novos Amazonas , fator decisivo para que a FAB decidisse pela sua desativação, mesmo sem que os novos vetores possuam as mesmas capacidades STOL ( Short Take Off and Landing / Decolagem e Pouso Curtos ), inclusive já destinando o Búfalo FAB2371 para o Museu Aeroespacial (MUSAL) . Este Búfalo em particular foi recebido pela FAB em 17 de dezembro de 1970 e operou regularmente até dezembro de 2006. Ele chegou voando ao MUSAL, no dia 20/12 do mesmo ano, e foi oficialmente incorporado ao acervo do museu em 18 de abril de 2007.

Porém, contrapondo os planos iniciais , a FAB decidiu manter os quatro Búfalos restantes operacionais até pelo menos o final de 2008, e o PAMA-SP, que efetua a sua manutenção e retrofit , recebeu instruções para conservá-lo até aquela data em condições operacionais plenas, um indício de que se planeja vender estes aviões a outro país após sua desativação.

Dos 24 Búfalos adquiridos em dois lotes, a partir de 1968, restam no inventário da FAB apenas cinco: os FAB2351, 2353, 2360, 2365 e 2367. Destes o FAB2367 encontra-se estacionado em Manaus, necessitando uma revisão de maior monta, acarretando na necessidade de ser encaminhado até o Parque de Manutenção de São Paulo (PAMA-SP). Por não ser economicamente compensador, foi decidida pela sua desativação, tendo sido transformando num monumento na Base Aérea de Manaus.

Não se sabe o real motivo de prolongar sua carreira, pois os Amazonas estão sendo entregues pelo fabricante dentro do cronograma, com oito deles recebidos até o final de outubro de 2007, dos doze encomendados no total (os outros quatro chegarão ao longo de 2008). Mas o fato é que em 2008 o C-115 Búfalo irá comemorar a impressionante marca de 40 anos em serviço ininterrupto na FAB.

O PAMA-SP também será o responsável pela manutenção dos C-105A Amazonas e ficará responsável pelas células ( airframes ), hélices, baterias, rodas e freios. Obviamente, por serem novos, nenhum deles ainda foi encaminhado, entretanto os técnicos lá baseados já foram devidamente treinados e equipados com todo instrumental necessário caso haja necessidade.

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