Brasil e França firmam acordos de defesa de 8,6 bi

Países prevêem transferência de tecnologia e construção de cinco submarinos e 50 helicópteros no Brasil



Bruno Villas Bôas e Chico Otávio

Brasil e França assinaram ontem acordos bilaterais na área de defesa no valor de 8,6 bilhões R$28,5 bilhões), que incluem a transferência de tecnologia e a construção para o Brasil de submarinos e helicópteros militares. Em evento no Hotel Copacabana Palace, com a presença dos presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolas Sarkozy, da França, foram firmados seis acordos, que prevêem ainda a cooperação entre os dois países nos campos ambiental, espacial, de luta contra a exploração ilegal de ouro e de ensino profissional.

No acordo mais importante, a França vai transferir ao Brasil a tecnologia de construção de quatro submarinos a diesel e um nuclear, o primeiro a ser feito no país. Pelo acordo de 4,1 bilhões, a França contribuirá apenas para a parte não-nuclear do submarino. O acordo vai permitir ainda a construção de um estaleiro militar em Itaguaí (RJ), com tecnologia francesa.

Também na área de defesa, o Brasil assinou contrato para compra de 50 helicópteros militares, que serão construídos em uma nova fábrica a ser erguida em Itajubá (MG) pela Helibras, empresa controlada pela francesa Eurocopter. O contrato envolve recursos de 1,9 bilhão, e as primeiras unidades devem ser entregues em 2010.

Lula afirma que acordo não será um "faz-de-conta"

Do valor total de 8,6 bilhões, 6 bilhões vão para empresas francesas e 2,6 bilhões para brasileiras, segundo disse uma fonte da delegação da França à agência Reuters.

Em seu discurso, Lula afirmou que o acordo é importante porque prevê a transferência de tecnologia, e não simplesmente a compra dos equipamentos militares.

- A França não está disposta apenas a vender os seus aviões, os seus navios, os seus helicópteros. A França está disposta a construí-los conjuntamente, a montar a parceria no Brasil, a fazer transferência tecnológica, para que o Brasil se dote da indústria de defesa que um país dessa importância tem no continente e no mundo - disse Lula.

Lula disse ainda que o acordo não seria um "faz-de-conta". Ele citou a construção de uma ponte sobre o Rio Oiapoque, ligando a Guiana Francesa ao estado do Amapá, no Brasil. As obras foram anunciadas há mais de oito anos pelos presidentes Fernando Henrique Cardoso e Jacques Chirac.
Segundo Lula, eles fizeram "uma festa" no Rio Oiapoque para dar início à ponte, mas até hoje "ela não saiu".

Ele disse que assumiu com o colega francês o compromisso de inaugurar a ponte, de R$38 milhões, até 2010.

- Precisamos inaugurar essa ponte, pelo amor de Deus - comentou. - É quase uma vergonha na relação bilateral.

Em breve discurso, o presidente francês afirmou que o Brasil poderá ser determinante para a estabilidade mundial e tem potencial para se tornar uma potência militar para a paz:

- Acreditamos que um Brasil poderoso será elemento de estabilidade para o mundo. O presidente Lula sabe disso - disse ele, que voltou a defender a presença do Brasil no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

Indagado por jornalistas sobre a flexibilização da política de migração da União Européia, Sarkozy foi evasivo. Disse que o bloco já é um dos mais abertos do mundo, mas que poderia estudar alguma mudança.

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