Franceses e americanos brigam por aviões

Governo dos Estados Unidos muda de ideia e altera termos de concorrência para o Pentágono que tem contrato avaliado em US$ 35 bilhões
 
Brasil Econômico

A França advertiu, ontem, que a Europa examinará as "possíveis consequências" da decisão do Pentágono de lançar uma nova licitação para o fornecimento de aviões-tanque para os Estados Unidos que favoreceria a americana Boeing em detrimento da europeia Airbus. "A França, com a Comissão Europeia e seus sócios europeus envolvidos, vai examinar este novo acontecimento e suas possíveis implicações", declarou à imprensa o porta-voz do Ministério da Defesa francês, Bernard Valero.

"Constatamos com grande decepção que a licitação conduzida pelo Pentágono no dia 25 de fevereiro promove um diálogo das autoridades americanas com apenas um fornecedor, em detrimento de um processo competitivo que garanta a melhor aquisição pelo melhor preço", afirmou.

Comunicados

A francesa Airbus, filial do grupo EADS, anunciou que desistiria da licitação do contrato para o fornecimento de aviões-tanque para a Força Aérea americana para colaborar com seu sócio americano Northrop Grumman. A decisão foi justificada "diante da estrutura do edital de concorrência (...) que privilegia claramente o avião menor da americana Boeing e não reconhece, como deveria, as vantagens de um aparelho maior como o da Airbus", explicou o grupo em um comunicado divulgado ontem. A Northrop informou que não impugnará a concorrência, já que isto levaria a um "tempo excessivo de espera" para as Forças Armadas americanas - o processo de licitação começou em 2001. O grupo europeu concorria com o avião KC-45, uma versão modificada do Airbus A330, usado para transporte de passageiros.

Caminho livre para Boeing

A decisão da Airbus deixa o caminho livre para a sua rival americana Boeing, que passa a disputar praticametne sozinha o contrato avaliado em cerca de US$ 35 bilhões.

Sete anos depois de ter obtido o contrato em condições suspeitas, o que provocou sua anulação, a Boeing temagora ao seu alcance um megacontrato para a entrega de 179 aviões de abastecimento em pleno voo. A Boeing proporá ao Pentágono uma versão modificada de seu 767 - também usado hoje apra o transporte de pessoas -, que é menor que o Airbus, mas consume menos combustível que modelo A330 dos franceses.

O vice-secretário da Defesa dos Estados Unidos, William Lynn,manifestou a decepção do Pentágono "com a decisão da Northrop de não apresentar qualquer oferta ou proposta para o programa de substituição dos aviões-tanque" e garantiu que a concorrência foi "estruturada de maneira equitativa" para permitir uma verdadeira competição. "Não vamos pedir desculpas por querer dar aos contribuintes o melhor avião, que atenda às demandas da Força Aérea americana", disse o porta-voz do Pentágono, Bryan Whitman, garantindo que a licitação é competitiva.

Europa lamenta

A Comissão Europeia lamentou que a EADS tenha desistido da licitação. "É muito lamentável que uma potência se sinta incapaz de apresentar sua candidatura para um contrato deste tipo", comentou o comissário europeu do Comércio, Karel De Gucht, em referência a EADS, fabricante do Airbus. "A Comissão Europeia ficaria extremamente preocupada se os termos da licitação estivessem formulados de tal modo para impedir uma concorrência aberta pelo contrato", completou. O europeu, que representa os 27 países da União Europeia (UE) em questões comerciais, advertiu que acompanhará de perto os futuros passos do caso, que gerou mal estar entre os governos francês e americano.

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