Chávez gastará até US$ 5 bi com armas russas

Moscou faz anúncio após retorno de Vladimir Putin de visita à Venezuela, mas não confirma produtos e nem prazos

Em Caracas, premiê russo disse se aproveitar do vácuo deixado pelo fato de EUA se negarem a vender material bélico ao país sul-americano 


DA REDAÇÃO  - Folha de SP

O premiê da Rússia, Vladimir Putin, disse ontem, em reunião com funcionários da indústria bélica transmitida pela TV, que sua breve passagem pela Venezuela, na semana passada, rendeu ao país promessas de compras de armamentos que superariam US$ 5 bilhões.

Segundo Putin, a cifra inclui a cessão de US$ 2,2 bilhões em linhas de crédito para a compra de armas que havia sido prometida a Hugo Chávez em setembro passado, na oitava visita do presidente venezuelano a Moscou. "Todas as fontes do financiamento foram determinadas e acordadas com os nossos sócios", afirmou Putin. "O trabalho para aumentar as exportações vai continuar", garantiu.

Desde 2005, a Venezuela já anunciou a compra de mais de US$ 4 bilhões em armamentos russos. De concreto, recebeu 100 mil fuzis Kalashnikov, 24 caças e 51 helicópteros.

Fontes militares russas informaram à agência Interfax que, desta vez, Caracas quer três submarinos, 92 tanques, dezenas de blindados, dez helicópteros de combate, aviões-patrulha, lanchas-patrulha, lanchas de desembarque, lançadores de mísseis e três modernos sistemas de defesa aérea, além de um sistema móvel de artilharia costeira capaz de abater embarcações a 130 km de distância. Haveria também conversas sobre a construção de uma fábrica de metralhadoras e de munição.

Em todo o ano passado, segundo o Kremlin, a Rússia exportou US$ 7,4 bilhões em armas. O bilionário pedido da Venezuela, uma vez concretizado, deverá ser dividido entre as 13 maiores fabricantes bélicas do país euro-asiático.

Em Caracas, no sábado passado, Putin negou que o fortalecimento da defesa da Venezuela possa provocar uma crise na região e lembrou que, "se todos os países somarem seus gastos em defesa, ainda será menos do que o dos EUA". "Temos boas relações com os EUA e, graças a Deus, não temos do que reclamar sobre as relações com o Reino Unido. Se os EUA não querem fornecer armas para alguns países, inclusive a Venezuela, bom para nós. Deixem que eles não forneçam. A natureza abomina vácuo", afirmou.
 
Durante a visita, entretanto, Putin e Chávez não assinaram nenhum novo acordo bélico.

Outro "vácuo" que a Rússia é convidada a preencher é o da Bolívia. O presidente Evo Morales, que foi a Caracas se encontrar com Putin, disse ter pedido ao premiê que volte "com força" à América Latina e relance as relações bilaterais.

Os EUA expressaram sua preocupação. Ontem, o porta-voz do Departamento de Estado P.J. Crowley afirmou que o anúncio "pressiona" os EUA a analisarem "quais necessidades de defesa legítimas a Venezuela tem". "Poderíamos pensar em investimentos que seriam melhores para o povo venezuelano", alfinetou Crowley antes acrescentar que a maior preocupação americana é "não ver esse equipamento migrar a outras partes do hemisfério".

Embora não tenham sido diretos desta vez, os EUA já acusaram no passado a Venezuela de armar a guerrilha das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Em Caracas, Putin ecoou a negativa de Chávez às suspeitas. "Nunca tivemos sinal de que a Venezuela apoiasse o terrorismo. Do contrário, eu não estaria aqui agora", afirmou o russo.



Com agências internacionais

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