Novas armas para ataques rápidos


David Sanger
Thom Shanker
The New York Times - Jornal do Brasil

Nos próximos anos, o presidente americano Barack Obama vai decidir se empregará uma nova classe de armas, capazes de atingir qualquer ponto do planeta a partir dos Estados Unidos em menos de uma hora, com tamanha força e precisão que diminuiriam enormemente a necessidade americana de seu arsenal nuclear.

Mas desde já as preocupações com a tecnologia são tão fortes que o governo Obama cedeu a uma exigência da Rússia, a de que os Estados Unidos eliminem um míssil nuclear para cada uma dessas armas convencionais posicionadas pelo Pentágono.

Esse artigo, segundo a Casa Branca, está presente no Tratado Novo Start, que Obama e o presidente Dmitri Medvedev assinaram em Praga há duas semanas.

Chamada Prompt Global Strike (Ataque Global Rápido), a nova arma é projetada para realizar tarefas como atingir Osama Bin Laden em uma caverna, se o local correto puder ser encontrado; destruir um míssil norte-coreano enquanto está sendo conduzido para a plataforma de lançamento; ou destruir uma usina nuclear iraniana – tudo isso sem cruzar o limiar nuclear.

Na teoria, a arma atirará uma ogiva convencional de peso enorme a uma alta velocidade e com extrema precisão, gerando o poder destrutivo localizado de uma ogiva nuclear.

A ideia não é nova: o presidente George Bush e sua equipe promoveram a tecnologia, imaginando que esta nova geração de armas convencionais substituiria as ogivas nucleares nos submarinos. 

Em encontros com o presidente Bush, os líderes russos se queixaram de que a tecnologia poderia aumentar o risco de uma guerra nuclear, porque a Rússia não teria como saber se os mísseis contêm ogivas nucleares ou convencionais. Bush e seus assessores concluíram que os russos estavam certos.

Parcialmente em consequência, a ideia "não foi a lugar nenhum no governo Bush", disse o secretário de Defesa, Robert Gates, que serviu a ambos os presidentes, recentemente no programa This Week da ABC. Mas ele disse que ela foi "abraçada pelo novo governo".

O próprio Obama citou o conceito em recente entrevista ao New York Times, dizendo que ela faz parte de um esforço "para dar menos ênfase às armas nucleares", assegurando ao mesmotempo que "a capacidade de nossas armas convencionais seja um meio de intimidação eficaz em todas as circunstâncias, exceto as mais extremas". 

Investimento 

A equipe de segurança nacional de Obama descartou a ideia de colocar as novas armas convencionais em submarinos.

Em vez disso, a Casa Branca pediu ao Congresso cerca de US$ 250 milhões para o próximo ano para explorar a nova alternativa, uma que utiliza a tecnologia militar mais avançada atual, assim como algumas que ainda nem foram inventadas.

O preço final do sistema permanece desconhecido. O senador John McCain do Arizona, o líder da bancada republicana no Comitê de Serviços Armados do Senado, disse em audiência na quinta-feira que o Prompt Global Strike seria "essencial e decisivo, mas também caro".

Ele ficaria baseado, ao menos inicialmente, na Costa Oeste, provavelmente na Base Vandenberg da Força Aérea.

Segundo o plano de Obama, a ogiva Prompt Global Strike seria montada em um míssil de longo alcance para iniciar sua jornada rumo ao alvo.

Ela viajaria pela atmosfera a uma velocidade várias vezes superior a do som, gerando tanto calor que precisaria ser protegida com materiais especiais para evitar o derretimento. 

Neste aspecto, é semelhante ao problema enfrentado pelos projetistas do ônibus espacial décadas atrás.

Mas como o veículo permaneceria dentro da atmosfera em vez de ir ao espaço, ele seria bem mais manobrável do que um míssil balístico, capaz de evitar o espaço aéreo de países neutros, por exemplo, ou evitar território hostil. Seus projetistas notam que ele poderia voar diretamente até o meio do Golfo Pérsico antes de dar uma forte guinada rumo ao alvo.

Se o presidente quiser agir contra um alvo em particular mais rapidamente do que isso, a única coisa mais rápida é uma resposta nuclear Kevin Chilton general do Comando Estratégico.

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