Pacto entre Brasil e EUA pode facilitar venda de Super Tucanos

Parceria militar na área da defesa foi firmada no Pentágono entre Nelson Jobim e o secretário americano Robert Gates

Gustavo Chacra e Patrícia Campos Mello, correspondentes em Washington - O Estado de S.Paulo

Os governos do Brasil e dos Estados Unidos firmaram um acordo militar bilateral na área da defesa que pode facilitar indiretamente a venda de até 200 aviões Super Tucanos brasileiros para os americanos. A afirmação foi feita pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, que assinou o pacto com o secretário da Defesa, Robert Gates, no Pentágono, em Washington, em encontro paralelo à cúpula nuclear.

"Apesar de o acordo não se destinar para isso, ele pode favorecer o Super Tucano em relação à concorrência internacional", disse Jobim. "O Super Tucano é de contrainsurgência e os americanos não possuem aviões desse modelo." Segundo o ministro, com o acordo, os americanos podem optar por não levar adiante uma licitação para comprar os aparelhos, adquirindo diretamente os da Embraer que, na avaliação dele, são superiores aos concorrentes da Suíça.

No seu site, os rivais do suíço Pilatus argumentam que são superiores aos do Brasil. Os americanos preveem comprar cem aviões em uma primeira leva e, posteriormente, outros cem. O valor total da negociação ainda não foi estimado pelos brasileiros, de acordo com o ministro.

Sem pressão

. Ao ser indagado se pode haver uma pressão americana como contrapartida na compra de caças pela Força Aérea Brasileira, Jobim afirmou que não. Mas acrescentou que Gates o questionou sobre a disputa para vender os aviões aos brasileiros. "Nós gostaríamos que o Brasil escolhesse o Super Hornet [DA BOEING]. Isso acrescentaria muito à nossa relação estratégica", disse um funcionário do Pentágono após encontro.

Segundo o ministro, a Aeronáutica já encaminhou seu relatório ao Ministério da Defesa, que deve enviar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma posição até o fim do mês. Os principais concorrentes dos americanos são o Rafale, da França, e os suecos. Lula indicou no ano passado ter uma preferência pelos franceses.

Descrito como "quadro" nos meios diplomáticos e militares, o acordo assinado ontem também prevê uma série de cooperações nas áreas de tecnologia, logística, informação e intercâmbio militar entres os dois países. Um dos itens especifica claramente que deve haver respeito "à integridade e inviolabilidade territoriais e não-intervenção em assuntos internos de outros Estados."

O acordo é o primeiro assinado pelos EUA depois do pacto com a Colômbia para combater o tráfico de drogas. "É um reconhecimento formal de muitos interesses e valores na área de segurança que são compartidos pelas duas maiores democracias das Américas", disse Gates.

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