EUA concentrarão tropas no Kuwait para vigiar Iraque e pressionar Irã

GUSTAVO CHACRA, CORRESPONDENTE / NOVA YORK - O Estado de S.Paulo, com NYT 

Os EUA planejam intensificar sua presença militar nos países árabes do Golfo Pérsico, principalmente no Kuwait, depois da retirada no fim do ano de suas tropas do Iraque. O plano, detalhado pelo New York Times ontem, vinha sendo cogitado por analistas militares, diplomatas e políticos na última semana. O objetivo americano é controlar a segurança no Iraque e coibir alguma ameaça do regime iraniano a outros países da região.

O plano inicial de Washington era que o Iraque autorizasse a permanência de até 30 mil soldados americanos em seu território, apesar da retirada oficial programada para dezembro. Diante da intransigência do governo de Bagdá, o Pentágono concordou em reduzir o número para cerca de 3 mil. Mas mesmo esse patamar foi considerado inaceitável pelos iraquianos.

Sem convencer o Iraque, Obama optou por vender a ideia de que a retirada era um cumprimento da uma de suas promessas de campanha. No dia 21, anunciou a saída completa do Iraque e passou a apelar para o seu plano B, ampliando o contingente em outras nações do Golfo.

Ainda não está claro como será esta nova "arquitetura de segurança", segundo o New York Times. O país anunciou um corte de US$ 450 bilhões em gastos militares ao longo da próxima década para reequilibrar o orçamento. Está confirmado até agora o envio de mais navios para águas internacionais na região. Os EUA também mantêm uma frota em Bahrein. Na semana passada, o chanceler da monarquia Al-Khalifa reuniu-se com a secretária de Estado, Hillary Clinton. A chefe da diplomacia americana evitou críticas à violenta repressão do regime contra opositores e se focou nas relações bilaterais.

Os americanos ainda não tomaram uma decisão sobre a venda de mais de US$ 50 milhões em armamentos para Bahrein, aguardando o relatório de uma comissão internacional para verificar violações dos direitos humanos na repressão aos opositores. Com uma maioria xiita, Bahrein é governada por uma monarquia sunita. No primeiro semestre, com o apoio dos sauditas, o reino massacrou os opositores apoiados por Teerã.

No caso do Exército, a base deve ser o Kuwait, de acordo com o New York Times. Ao todo, 23 mil americanos já estão posicionados no país e os kuwaitianos, segundo pesquisas, são os árabes que mais simpatizam com os EUA, por causa da operação para expulsar as tropas de Saddam Hussein na Guerra do Golfo. 

Recíproca. Países da região têm interesse no apoio americano por considerar o Irã uma ameaça à estabilidade regional. Recentemente, o FBI divulgou um plano do Irã para matar o embaixador saudita em Washington. A monarquia dos Saud e o regime de Teerã estão em lados antagônicos no Líbano, Bahrein, Síria e Iraque. 

Essa inimizade tende a se agravar com a definição da sucessão na Arábia Saudita. O novo herdeiro, príncipe Fayed, adota uma posição bem mais dura em relação ao Irã do que o rei Abdullah.

"Quando ele assumir, usará a possibilidade de confronto com os iranianos para reforçar suas credenciais sunitas. Além disso, deve buscar mais envolvimento no Iraque", afirma Crispin Hawes, da agência Eurasia.

Além de reforçar militarmente a região, os EUA devem seguir usando companhias americanas terceirizadas na área de segurança para manter sob controle seus interesses no Iraque.

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