'Não delegamos nossa defesa a terceiros', diz Dilma em evento com militares

Para ela, riquezas brasileiras estimulam ameaças à soberania


Luiza Damé | O Globo

BRASÍLIA - Ao participar de almoço de confraternização das Forças Armadas, ontem, a presidente Dilma Rousseff destacou a importância do desenvolvimento da indústria de defesa. Ela citou o caso da espionagem americana, dizendo que as riquezas brasileiras podem estimular ameaças à soberania nacional, mas afirmou que o país não precisa de ajuda para defender seu patrimônio:

— É importante que a gente tenha consciência de que um país com as dimensões do Brasil, com os desafios do Brasil, deve estar sempre pronto a proteger seus cidadãos, a proteger seu patrimônio e a proteger sua soberania. Prova disso são revelações recentes também que evidenciam que nossas riquezas sempre podem suscitar comportamentos desrespeitosos e, mesmo, intrusivos em nossa soberania. Por isso, nós devemos desenvolver todas as possibilidades de proteção à nossa privacidade e a nossa soberania, notadamente todos os sistemas criptográficos e todos os demais elementos essenciais à defesa cibernética.

Segundo a presidente, as Forças Armadas têm um papel importante no desenvolvimento de sistema de proteção do país, que é de sua responsabilidade. Prova disso, afirmou Dilma, é o fortalecimento do Ministério de Defesa e da base industrial de defesa para modernizar as Forças Armadas e assegurar "condições dignas de vida e de trabalho" aos militares da Marinha, Exército e Aeronáutica.

— Como afirmei aos líderes mundiais reunidos na Assembléia Geral da ONU, o Brasil sabe proteger-se, não precisa de ninguém querendo nos proteger. Não delegamos nossa defesa a terceiros.

Devemos estar preparados para enfrentar quaisquer ameaças, temos que estar prontos para defender o nosso patrimônio em regiões que já recebem tradicionalmente a nossa atenção, como é o caso da Amazônia, e também em regiões cujo valor estratégico aumentou de forma exponencial nos últimos anos, como é o caso da área do pré-sal, que é a nossa Amazônia azul — disse.

A presidente lembrou que, além de cuidar das ameaças externas, o país também tem cooperado com vizinhos da América do Sul e parceiros da África, além dos BRICS (grupo Brasil, Rússia, índia, China e África do Sul).

Para Dilma, "defesa e democracia formam um círculo virtuoso" Os investimentos realizados no setor de defesa, conforme a presidente, além da importância para a segurança, geram tecnologia e inovações, criam emprego e renda para a população. A presidente lembrou que a indústria de defesa faz parte do Plano Brasil Maior, que define a política industrial e tecnológica do governo. Destacou ainda que projetos estratégicos de defesa foram incluídos no Programa de Aceleração do Crescimento, como a construção de submarinos de propulsão convencional e nuclear; o sistema integrado de monitoramento das fronteiras terrestres brasileiras e o avião-cargueiro reabastecedor, em desenvolvimento pela Embraer.

— Durante algum tempo a crise do Estado brasileiro, em termos de recursos, impediu que houvesse este foco numa poca industrial e tecnológica de defesa. Essa política tem não só o reaparelhamento das chamadas Forças Armadas, mas também, e sobretudo, a percepção da capacidade de inovação que a indústria nacional de defesa e os militares brasileiros sempre tiveram — disse Dilma.



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