Ameaças do Ocidente podem perder efeito

A União Europeia não quer pressionar a Rússia com sanções econômicas, disse o diretor do Instituto de Planos e Análise Estratégica, Aleksandr Gusev. De acordo com ele, a diminuição do comércio com a Rússia prejudicará a Europa em primeiro lugar.


Ígor Rózin, Reportagem combinada | Gazeta Russa

Os Estados Unidos e a Europa começaram a discutir possíveis sanções contra a Rússia após o agravamento da crise na Ucrânia. Mas grande volume de negócios e a dependência econômica mútua podem complicar sua introdução, alertam especialistas.

"A Rússia não aceita a linguagem das sanções e ameaças, mas, caso elas sejam impostas, o país responderá sem demora", declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguêi Lavrov.

O chanceler russo disse que as autoridades de Moscou ficaram chocadas ao saber os resultados de uma reunião realizada no último dia 6, em Bruxelas, na qual os parceiros ocidentais anunciaram a intenção de congelar as negociações bilaterais sobre o regime de isenção de vistos do país com a UE e sobre o novo acordo de parceria energética e econômica com Moscou.

"Temos uma impressão de que o oportunismo prevaleceu sobre o senso comum. Pelo menos é necessário ouvir os argumentos da Rússia, que é um parceiro estratégico da União Europeia", disse Lavrov

Em 4 de março, o presidente da Rússia, Vladímir Pútin, declarou que ambas as partes seriam prejudicadas pelas possíveis sanções, visto que todo o mundo está interligado atualmente e todos dependem uns dos outros.

De acordo com o especialista do Instituto de Estudos do Canadá e dos EUA, Vladímir Batiuk, a União Europeia e os Estados Unidos têm opiniões diferentes sobre a Rússia.

“Os Estados Unidos podem impor uma série de sanções à Rússia, no entanto, a sua eficácia é questionável. Os parceiros estrangeiros e os aliados dos EUA não têm pressa em impor essas sanções”, disse Baiuk ao jornal “Kommersant”. “Por isso, os Estados Unidos decidiram preparar uma lista de funcionários públicos russos que não poderão entrar nos EUA”, completou.

União Europeia

A União Europeia não quer pressionar a Rússia com sanções econômicas, disse o diretor do Instituto de Planos e Análise Estratégica, Aleksandr Gusev. De acordo com ele, a diminuição do comércio com a Rússia prejudicará a Europa em primeiro lugar.

“Agora, os líderes da União Europeia e dos Estados Unidos querem pressionar os líderes e os funcionários russos. É claro que essas sanções não vão trazer nada de bom. As relações entre a Rússia e os EUA são muito diferentes das da Rússia com a Europa, cujo comércio ultrapassa US$ 843 bilhões. A Europa poderá perder tudo", diz Gusev.

De acordo com o analista político Serguêi Karaganov, o Ocidente não pode ficar sem a energia russa ou baixar os preços do petróleo e gás, como foi feito em 1980, quando as tropas russas entraram no Afeganistão.

“É impossível parar de usar a energia, todos entendem isso. Os Estados Unidos não podem baixar o preço de petróleo de jeito nenhum, a situação é radicalmente diferente. Para fazer isso, seria necessário assinar um acordo com a Arábia Saudita”, explica Karaganov.

“A diminuição dos preço beneficiará principalmente a China e outros concorrentes diretos do Ocidente. Não acho que os países ocidentais imporão sanções significativas, embora realizarão alguns passos simbólicos e pressionarão certos funcionários”, completou.

Parceiros comerciais

O principais parceiros econômicos da Rússia são a União Europeia (33%), a China (15,4%), os Estados Unidos e o Japão. De acordo com os dados do Serviço de Estatística da União Europeia (Eurostat), em 2012, as exportações europeias para a Rússia atingiram o máximo histórico e ultrapassaram US$ 164,8 bilhões, enquanto as importações somaram US$ 292 bilhões.

Os combustíveis, especialmente o gás natural, são os principais produtos importados pela União Europeia, enquanto a Rússia compra tecnologias, veículos e bens de consumo. O principal parceiro econômico da Rússia na Europa é a Alemanha.

O volume do comércio total entre a Rússia e os Estado Unidos ultrapassa US$ 28 bilhões.

De acordo com dados da Organização Mundial do Comércio, o principal parceiro da Rússia na América Latina é o Brasil. O volume de importações com esse país é de US$ 3,5 bilhões, enquanto a exportação é de US$ 2,3 bilhões.

Com materiais dos veículos RIA Nóvosti, Kommersant e Vzgliad



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