Os transtornos mentais das autoridades ucranianas

Em Moscou todos ficaram totalmente perplexos com a declaração da Ucrânia de que ela vai começar a “demarcação unilateral” da fronteira russo-ucraniana.


Andrei Fedyashin | Voz da Rússia

Esta decisão foi anunciada em Kiev pelo herói do movimento pró-europeu, e agora secretário do Conselho de Segurança Nacional, Andrei Paruby, após a reunião do Conselho de Segurança presidido pessoalmente pelo presidente da Ucrânia Piotr Poroshenko.

O governo em Kiev foi encarregado em 17 de junho de estudar os aspectos práticos desta questão. Depois disso, o presidente Poroshenko deve assinar um decreto, e os postes fronteiriços começarão a ser destruídos. Peritos russos dizem que uma tal abordagem da demarcação de fronteiras estatais é algo completamente sem precedentes na prática internacional. Dadas as outras recentes estranhas demarches da camarilha de Kiev, peritos na Rússia questionam abertamente a adequação mental dos ministros do governo de Arseni Yatsenyuk.

Não existe tal coisa como “demarcação unilateral de fronteiras”, e a Rússia nunca reconheceria tais fronteiras, disse no parlamento russo o chefe da comissão parlamentar da Rússia para assuntos internacionais Alexei Pushkov:

“Se em Kiev não estão ao corrente, para a demarcação é sempre criada uma comissão conjunta e ambos os lados tratam disso. E geralmente isso é tema de um acordo separado entre os países. Uma fronteira demarcada por um só país é ilegal, não reconhecida e não tem nenhuma força jurídica”.

Isto reconhecem também os próprios peritos ucranianos que conhecem o trabalho complexo de marcação de linhas de fronteira entre dois países. O antigo primeiro vice-secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional Stepan Gavrish disse à televisão ucraniana que “em caso de demarcação unilateral da fronteira russo-ucraniana pelo nosso país a Rússia pode acusar a Ucrânia de se apropriar de parte de seu território.”

“Este processo não pode ser unilateral”, disse Gavrish. E construir ao longo de toda a fronteira um muro de aço eletrificado de cinco metros de altura, o que também está nos planos de Kiev, é não menos absurdo, acredita ele. Gavrish lembrou que em alguns lugares a linha de fronteira entre a Ucrânia e a Rússia passa no meio de assentamentos, “corta” ferrovias, pontes, fábricas. Tal intenção não tem nenhum sentido prático, é “uma declaração puramente política”.

Moscou e Kiev têm trabalhado na demarcação de fronteiras existentes aproximadamente desde meados dos anos 90 do século passado. O acordo sobre a demarcação de fronteiras foi assinado em Kiev em maio de 2010. Na mesma altura foi criada também uma comissão bilateral para resolver todos os assuntos relacionados com a demarcação. Este acordo foi baseado no tratado sobre a fronteira estatal entre a Ucrânia e a Rússia de 2004. Não há nenhuns outros mecanismos, e as normas internacionais não estipulam nenhuma “unilateralidade”.

Entre peritos russos, as avaliações das ações das autoridades de Kiev cada vez mais se referem à síndrome de “reação afetiva de inadequação”. A psiquiatria define-o como “uma reação afetiva inadequada ao fracasso em alcançar o objetivo pretendido”. Os principais sintomas são: ressentimento excessivo, teimosia, negativismo e isolamento. Principalmente afeta as crianças, mas ocorre também em adultos.

Todos os sintomas estão lá. O premiê Arseni Yatsenyuk levou o “ressentimento” com a Rússia a tal nível que declarou em 16 de junho, após o fracasso total das negociações sobre gás, que Kiev “deixará de subsidiar” a Gazprom! E isso apesar de que a Naftogaz da Ucrânia deve à Rússia em pagamentos atrasados 4,5 bilhões de dólares?!

O ministro do Interior Arsen Avakov trouxe seu “isolamento” a tal nível que comunica com a Ucrânia e a maioria de sus subordinados exclusivamente através do Facebook. Muitos vêm a saber de demissões ou do início de novas operações militares no sudeste por essa via.

Mas a apoteose de anormalidade foi o comportamento do ex-ministro interino das Relações Exteriores Andrei Deshchitsa. Ele chegou à embaixada da Rússia na noite de 15 de junho em que o prédio foi vandalizado e aprovou as ações dos vândalos. Sua “reação afetiva” se manifestou em forma de um verso de quintilha obscena sobre o presidente russo Vladimir Putin.

O chanceler russo Serguei Lavrov disse que não pretende mais falar “com esse personagem Deshchitsa”. E o embaixador russo na ONU Vitali Churkin disse que a Rússia sem Deshchitsa não vai sentir qualquer “falta de comunicação”.

Hoje, a Rússia declarou a busca internacional como criminosos de guerra do ministro Arsen Avakov e do governador da região de Dnepropetrovsk Igor Kolomoisky. Este último pagou com seu dinheiro a criação de um exército privado de cerca de 10.000 criminosos. E prometeu pagar milhares de dólares de recompensa por cada russo morto. A Rússia acusa ambos de crimes contra a humanidade, de bombardeios de cidades pacíficas do sudeste da Ucrânia, da organização de sequestros e assassinatos de jornalistas russos.



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