Embaixador francês no Níger é mantido “refém” por militares e come ração, denuncia Macron

O presidente da França, Emmanuel Macron, disse na sexta-feira (15) que o embaixador francês no Níger estava sendo mantido como "refém" pelos militares no poder e que agora estava comendo apenas "rações militares".


RFI

"No Níger, enquanto falo com vocês, temos um embaixador e membros diplomáticos literalmente reféns na embaixada francesa", declarou Macron durante uma viagem na região de Dijon, no leste da França. Segundo o chefe de Estado, os representantes de Paris estão nas mãos da junta militar que tomou o poder no país africano.

Uma patrulha da Polícia Nacional do Níger passa em frente à Embaixada da França em Niamey | AFP

"A entrega de alimentos está sendo impedida. Ele está comendo rações militares", denunciou Macron, acrescentando que o embaixador Sylvain Itté "não tem possibilidade de sair"

"Ele é persona non grata e eles estão se recusando a permitir que ele coma", insistiu o presidente.

A junta nigeriana ordenou no mês passado a expulsão do embaixador francês, um pedido considerado inadmissível por Paris, que não reconhece os golpistas.

Golpe em Niamey

Os militares, que derrubaram o presidente Mohamed Bazoum e tomaram o poder em 26 de julho, na capital do país, ordenaram a expulsão do diplomata francês no final de agosto, depois que Paris se recusou a cumprir um ultimato exigindo sua saída. Desde então, a França continuou a se opor à sua saída, argumentando que o governo não tinha autoridade para fazer tal solicitação.

Questionado sobre um possível repatriamento do embaixador em Paris, o chefe de Estado reiterou: “Farei o que decidirmos com o presidente Bazoum porque ele é a autoridade legítima e falo com ele todos os dias”.

Mohamed Bazoum ainda é considerado pela França como chefe de Estado do Níger.

Em 10 de setembro, Macron já tinha sublinhado que uma possível redistribuição das forças francesas estacionadas no Níger só seria decidida a pedido do presidente Bazoum.

O novo poder em exercício denunciou os acordos de cooperação militar com França e conta com “uma saída rápida” dos cerca de 1.500 soldados franceses presentes no país.

Emmanuel Macron também confirmou que a França “continuará a acolher, obviamente” artistas do Sahel, enquanto vozes se levantaram no mundo da cultura contra uma diretiva da administração francesa, que solicita a suspensão de toda a colaboração com artistas do Níger, mas também do Mali e do Burkina Faso, países que enfrentam graves crises políticas.

No entanto, admitiu que para os artistas nigerinos que ainda não têm visto, a situação parece complicada porque o acesso aos serviços consulares franceses já não é possível.

“Não é que estejamos proibindo, é que não podemos dar [a possibilidade de acesso à embaixada] por causa dos golpistas e por razões de segurança”, disse Macron.

1 Comentários

  1. Só lembrando que o embaixador francês foi expulso do Níger pelos militares golpistas e Macron mandou ele ficar.

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