Investigação da Al Jazeera Sanad: forças israelenses atingem deliberadamente comboio do WCK

O exército israelense atacou deliberadamente o comboio World Central Kitchen com três ataques consecutivos, conclui a Al Jazeera.


Al Jazeera

Uma investigação da Agência de Verificação Sanad, da Al Jazeera, descobriu que os ataques do exército israelense que mataram sete pessoas em um comboio de ajuda humanitária foram intencionais.

Ao analisar imagens do segundo e terceiro veículos visados, sinais de um projétil entrando pelo topo e saindo pela parte inferior dos carros são evidentes, sugerindo que os carros foram alvejados pelo ar [Sanad/Al Jazeera]

Na segunda-feira, às 22h43 (19h43 no horário de Brasília), jornalistas relataram um bombardeio israelense contra um veículo na rua Rashid, no centro da Faixa de Gaza, resultando em vítimas. Isso coincide com o relato de um deslocado entrevistado pela Al Jazeera, que confirmou vários atentados entre 23h e 23h30 (20h – 20h30 no horário de Brasília).

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, admitiu que o ataque foi executado pelas forças israelenses, dizendo que elas "atingiram involuntariamente pessoas inocentes na Faixa de Gaza (...) Acontece na guerra."

A investigação da Sanad descobriu que os ataques foram, de fato, intencionais. Baseando-se na pesquisa em informações de código aberto, depoimentos de testemunhas e imagens do local, foi construída uma linha cronológica e geográfica dos eventos.

A WCK disse em um comunicado na terça-feira que seus trabalhadores estavam deixando o armazém de Deir el-Balah depois de entregar 100 toneladas de ajuda alimentar e que "apesar de coordenar movimentos com o exército [israelense], o comboio foi atingido".

Os bombardeios atingiram três veículos pertencentes à WCK, um de cada vez – dois blindados e um não blindado – matando sete socorristas de várias nacionalidades, incluindo um motorista palestino, Saif Abu Taha, de Rafah.

Hasan al-Shorbagi, um palestino deslocado que vive com sua família perto do local do bombardeio, a cerca de 4,7 km (2,9 milhas) do armazém, disse à Al Jazeera que o primeiro carro foi atingido por um projétil, queimando-o completamente. Isso é consistente com a imagem do carro blindado queimado.

De acordo com o depoimento de al-Shorbagi, os feridos foram transferidos do primeiro carro visado para outro veículo blindado para agilizar o transporte.

Um comunicado da WCK confirmou que o comboio deixou seu armazém em Deir el-Balah – mostrado no Google Maps nas coordenadas 31°24'54.7"N 34°22'05.1"E – e seguiu em direção à Rua Rashid.

Esta distância ao longo da rota do armazém para a Rashid Street era de cerca de três quilômetros (1,9 milhas) e o primeiro carro foi alvejado cerca de 1,7 km (uma milha) na estrada.

A investigação da Sanad descobriu que o segundo veículo foi alvejado a aproximadamente 800 metros (2.525 pés) de distância de onde o primeiro foi atingido.

O terceiro carro foi alvejado a cerca de 1,6 km de distância do segundo carro, com base em sua localização após ser bombardeado.

Imagens tiradas dos locais de bombardeio mostram que os veículos estavam claramente marcados em seus tetos e para-brisas como pertencentes à WCK, indicando que estavam em conformidade e que havia uma coordenação prévia entre a WCK e o exército israelense sobre os movimentos.

A análise de imagens do segundo e terceiro veículos visados mostrou sinais de um projétil entrando por cima e saindo pela parte inferior, sugerindo que os carros foram alvejados pelo ar.

O exército israelense reconheceu sua responsabilidade pelo trágico incidente envolvendo a morte de trabalhadores humanitários em Gaza na noite de segunda-feira em um ataque aéreo israelense. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que o exército israelense atingiu "sem querer" pessoas inocentes em Gaza.

O incidente gerou condenação global. A WCK disse que sua equipe estava viajando em uma área "desconflituosa" no momento. Pediu a Israel que pare com "este assassinato indiscriminado" em Gaza e anunciou que está suspendendo as operações na região.

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